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Como Fazemos Coisas Maiores do que Jesus por Don Carson

Nota do editor:
Este é um trecho adaptado do “The Farewell Discourse and Final Prayer of Jesus: An Evangelical Exposition of John 14–17” e publicado em parceiria com a Baker Books.

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. (João 14:12)

À pessoa que tem verdadeira fé em Jesus é prometida que fará coisas maiores do que as obras dEle. Mas o que significa “maiores”? Devem os cristãos realizar atos mais sensacionais? É difícil imaginar milagres mais sensacionais que os de Jesus; “Maiores” certamente não significa isso.

Pode “maiores” significar “mais numerosos” ou “mais amplamente distribuídos”? Nesse sentido, os cristãos realmente fizeram coisas “maiores” do que Jesus. Pregamos em todo o mundo, vimos milhões de homens e mulheres convertidos, dispensamos ajuda, educação e comida a milhões mais. As obras “maiores” podem, portanto, ser a reunião de conversos na igreja através do testemunho dos discípulos (cf. João 17:20; 20:29), e o transbordamento de bondade que vem de vidas transformadas.

Jesus diz que as maiores obras acontecerão “porque eu vou para meu Pai”. Em outras palavras, a partida de Jesus através da morte e ressurreição para a exaltação é a pré-condição da missão de seus discípulos. Porque ele “vai para o Pai”, a igreja embarca em sua missão. Além disso, a exaltação de Jesus é a precondição da descida do prometido Espírito Santo (João 7:39; 16:7), que trabalhará com os discípulos em seu testemunho (João 15:26; cf. 16:7-11). Por estas razões, os seguidores de Jesus realizarão obras “maiores”.

Mas, embora essa explicação seja, sem dúvida, correta, por que Jesus fala de obras “maiores” quando esta explicação soa como se ele quisesse dizer “mais” obras?

Privilégios do Grande Reino

Podemos ser ajudados comparando outra declaração de Jesus:

Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. (Mt 11:11)

O ponto da comparação é que, apesar da inigualável grandeza de João Batista, ele nunca participou do reino dos céus. Seu chamado o colocou cedo demais na história da redenção para permitir tal participação. Nesse sentido, a menor pessoa privilegiada para participar do reino é maior que João Batista. É uma grandeza de privilégio que está em jogo, uma grandeza conferida com o privilégio de participar da, já inaugurada, era escatológica.

Algo semelhante pode estar em vista em João 14. Jesus, por sua obra redentora, “indo ao Pai”, inaugura esta nova fase na história da redenção; e os discípulos em sua missão participam das obras peculiares a essa era escatológica já iniciada. Jesus em seu ministério terreno nunca fez. Seu trabalho trouxe isso; mas depois ele partiu e não participou dela (em sua presença corporal) após o Pentecostes.

Isso não significa que os discípulos de Jesus sejam maiores do que ele. Isso significa que suas obras são maiores que as dele a esse respeito – que eles têm o privilégio de participar dos efeitos do trabalho completo de Jesus. Até que ele retornou ao seu Pai e concedeu o Espírito Santo, tudo o que Jesus fez foi necessariamente ainda incompleto. Em contraste, as obras dos discípulos participam da nova situação que existe quando o trabalho de Jesus está completo. Suas obras são maiores na medida em que têm o privilégio de ocorrer após o momento do cumprimento.

Jesus ganhou nossos privilégios por nós

Esta tela magnífica deve ser constantemente mantida diante dos olhos de todo testemunha cristã. Nossa fé em Jesus não nos leva a uma luta onde estamos sozinhos, onde o resultado é incerto, onde a bênção prometida é reservada exclusivamente para um belo dia incerto.

Muito pelo contrário: nossa fé em Jesus nos impele a uma batalha na qual a batalha decisiva já foi vencida, na qual a prometida bênção escatológica já foi iniciada, mesmo que ainda não esteja consumada. De fato, nossos esforços frágeis participam do triunfo de Cristo e da obra de seu Espírito legado para invocar uma multidão inumerável de novos seguidores do Salvador e Mestre que temos o privilégio de servir. Essas são as verdadeiras dimensões de nosso chamado; e as nossas atividades mais mundanas devem ser vistas contra este pano de fundo arrebatador.

Tudo isso acontece porque Jesus culmina seu trabalho como a revelação do Pai ao “retornar ao Pai” através da cruz. O trabalho lhe custa caro. Duas vezes ele revela que ele está profundamente perturbado em espírito (João 12:27; 13:21) enquanto contempla as horas à frente; no entanto, esse mesmo trabalho constitui a base sobre a qual ele pode dizer aos seus discípulos: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. ”(João 14:1).

Por Don Carson.

Traduzido por Felipe Barnabé

SEO: Don Carson explica o que Jesus quis dizer em João 14:12 quando disse aos discípulos que eles fariam coisas maiores do que ele.

Fonte: https://www.thegospelcoalition.org/article/how-do-great-things-jesus/