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Quando Nasce uma Criança

[dropcap]Q[/dropcap]uando nasce uma criança, em lar cristão, os pais começam logo a sonhar fagueiramente com o futuro do filhinho querido, como, há séculos, sonharam Sara e Abraão, Ana e Elcana, Isabel e Zacarias, e tantos outros pais crentes. Não podem deixar de cismar, como a Virgem Mãe que, ao ouvir as palavras de adoração dirigidas pelos pastores de Belém ao seu Filho Maravilhoso, “guardava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lucas 2.19).

O nascimento de uma criancinha é, deveras, um acontecimento notável, capaz de despertar não somente as mais lindas esperanças, como também as mais sombrias apreensões. Surgirão, espontaneamente, nos corações bem formados, perguntas como estas: “Qual será a missão que desempenhará esta criança no seio da sociedade? Será ela uma bênção para as gerações futuras, como o foi o filho de Abraão? Qual será o seu destino e, se vier a morrer, ainda pequenina, que sorte ou estado lhe reserva a vida além? Terá a criança, ao nascer, quaisquer direitos adquiridos por herança, em virtude da fé alimentada pelos pais? Além da herança física, terá ela qualquer herança espiritual? E deveremos considerá-la como parte integrante do povo de Deus ou classificá-la como alienada da comunhão dos santos, com entendem alguns, até que possa exercer fé pessoal no Salvador?”

Perguntas como estas que acabamos de fazer colocam-nos perante solene alternativa: ou consideramos a criancinha nascida em lar cristão como um dos remidos do Senhor, ou então como uma criatura ainda não atingida pela graça divina e, pois, excluída do reino de Deus. Como devem os pais crentes encarar os filhinhos? E, o que importa ainda mais, como os encara o próprio Deus, o nosso Pai do Céu?

Das respostas que pais crentes derem a essas perguntas, à luz do ensino da Bíblia, dependerá o tratamento que hão de dispensar aos filhos. Se os considerarem como alheios à graça de Deus, deverão trabalhar ansiosamente pela sua regeneração; se, porém, concluírem que já estão contados como parte dos remidos do Senhor, a sua tarefa será outra, a saber, nutri-los espiritualmente e educá-los no conhecimento do Senhor Jesus, a fim de que, à semelhança do Menino Modelo, cresçam “em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens” (Lucas 2.52).

É de se crer que a compreensão clara das responsabilidades e privilégios de pais cristãos como referência à educação dos filhos, constitui poderosa energia a impedir que os menores procedentes de lares piedosos venham a se extraviar da Igreja para o mundo, pois afirma a sabedoria divina: “Educa a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele” (Pv 22.6).

Como o estado espiritual dos filhos de crentes está intimamente ligado à questão do batismo infantil? Se os nossos filhos são herdeiros de promessas espirituais, membros infantis do reino de Deus, semente santa, cordeirinhos do rebanho de Cristo e “santos”, no dizer do Apóstolo São Paulo (1Co 7.14), está claro que não devem ser privados do batismo cristão, sinal visível dessas preciosas realidades. Ademais, se, como pretendemos mostrar, na Nova como na Velha Dispensação, Deus determinou que as crianças sejam incluídas em sua Igreja visível, estará confirmado o direito que têm os pequeninos ao rito de iniciação na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, o que nos deve preocupar, acima de tudo, não é a cerimônia do batismo em si mesma, mas antes a sua profunda, rica e consoladora significação espiritual, que será para os pais crentes poderoso e perene incentivo ao fiel cumprimento dos deveres paternais e constante recordação da aliança com Deus, na qual ele prometeu ser o seu Deus e o Deus de seus filhos.

Nas Escrituras Sagradas podem os pais crentes encontrar respostas satisfatórias e confortadoras às ansiosas perguntas que fazem a respeito do estado espiritual dos filhos e essas respostas animam-nos a crer que Deus contempla com a sua graça, e de um modo todo especial, os pequeninos que alegram os nossos lares, considerando-os parte da sua Igreja. Nas páginas que se seguem, chamaremos a atenção do leitor para as provas bíblicas desse novo asserto.

Defenderemos, pois, por julgá-la bíblica, a seguinte tese: Deus, no pacto que fez com o seu povo, ordenou que as criancinhas, filhos de pais crentes, fossem incluídas no seu reino visível, aqui na terra, isto é, na sua Igreja, e determinou que o sinal objetivo da inclusão da criança na Igreja fosse, na Velha dispensação, o rito da circuncisão, e na Nova, a cerimônia do batismo cristão.

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Fonte: Estudos Bíblicos sobre o Batismo de Crianças, Philippe Landes, Editora CEP, pg. 11-12.

 

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