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Quando a diferença entre ensino e pregação?

Como prosa e poesia, esses dois termos são mais bem entendidos como extremos opostos de um espectro, e não como opostos antagônicos. Quando escrevemos prosa utilizamos diversos expedientes poéticos, jogos de palavras, metáforas, etc., e quando escrevemos poesia estamos comunicando informação. Da mesma forma, é muito difícil, se não impossível, ensinar sem pregar em certo grau, ou pregar sem algum nível de ensino.

Uma maneira de ilustrar a distinção, contudo, é observar a diferença entre o indicativo e o imperativo. O primeiro nos diz o que é, e o último nos diz o que devemos fazer. Ensino, obviamente, tende ao indicativo enquanto pregação tende ao imperativo. Mas o que acontece se tornarmos a distinção absoluta? Um ensino totalmente desprovido de qualquer imperativo não nos faria bocejar e responder “E daí?”? Da mesma forma, se despojarmos a pregação de todo indicativo, e ficarmos apenas com o imperativos, não teríamos sermões que meramente gritam “Faça alguma coisa!”? Isso não terminaria em barulho e fúria, não significando nada?

Isso significa que, no final, tudo isso são questões de grau. Sou abençoado em ensinar no Reformation Bible College. Porque o meu desejo é que os estudantes cresçam em graça e sabedoria, o meu plano não é meramente descarregar informação do meu cérebro para o deles. Portanto, minhas aulas tendem a seguir um padrão real, mas não planejado. Então, no final da terceira aula, tenho a tendência de começar a pregar. Começo a exortar os alunos a viverem à luz do que aprenderam, a mudar suas perspectivas, e suas vidas. Começo a implorar que cuidem do seu coração.

Sou abençoado também por pregar, embora não tão frequentemente como gostaria. Aqui certamente tenho uma obrigação de explicar o texto, tanto quanto eu for capaz. Procuro colocar o texto em seu contexto histórico. Tento esclarecer qualquer ambiguidade gramatical, ou problemas de tradução. Mas, persuadido que a Bíblia não é um livro estranho e misterioso e de que ela é inteiramente compreensível, crendo que os nossos problemas são mais morais que intelectuais, que somos mais tolos do que estúpidos, exorto a congregação a crer, confiar, regozijar, dar graças, amar e perdoar. Todo Domingo quando sou abençoado por pregar caminho até o púlpito esperando não somente ser fiel ao texto, mas esperando encorajar crescimento em piedade. Quero que o rebanho vá embora persuadido de que em Cristo somos amados do Pai, e que Jesus muda todas as coisas.

Nós Reformados tendemos a ser professores mais vigorosos do que pregadores. Os não Reformados tendem a ser pregadores mais vigorosos do que professores. Concordamos com a Bíblia, mas permanecemos imóveis diante dela. Somos rápidos para fazer mudanças, mas nem sempre pela Bíblia. A Bíblia não é simplesmente cheia de verdade. Ela é cheia de verdade que deve nos transformar. Não é suficiente que ensinemos a Bíblia. Precisamos da Bíblia pregada.

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Fonte: Highlands Ministries

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – junho/2012