Pular para o conteúdo

Não como suco de uva

Tenho minha própria teoria sobre a importância do vinho na comunhão, e isso tem implicações para o abusador de álcool e até mesmo para o alcoólatra.

Será que o cálice que compartilhamos é realmente a mesma coisa que o cálice que arruína uma vida? O vinho da comunhão é um cálice de bênção, não de maldição. Não creio que seja por acaso que o vinho, que na comunhão é símbolo da nossa salvação, também seja símbolo de juízo, confusão e ruína.

Certamente, parte do que é simbolizado nos elementos da comunhão é a reconciliação de toda a criação por meio de Cristo. O grão e o fruto foram criados em Gênesis 1.29 como o alimento dado a Adão no princípio e, como tal, são adequados para representar tanto a vida física do homem quanto a criação como dom de Deus para ele e como estando sujeita ao seu domínio. O grão e o fruto, o pão e o vinho, a terra e o que nela há, são-nos dados novamente em uma forma transformada por causa de Cristo. Ele media um novo domínio por meio de sua morte na cruz e ressurreição dentre os mortos.

Examine a sua Bíblia com uma concordância e procure todas as referências ao vinho e à bebida forte. Observe como o vinho é considerado de maneira diferente dentro da aliança em comparação com fora dela. Perceba que a ética do uso do vinho não se baseia em uma medida de “quantidade”. Antes, a diferença entre um uso bom e um uso mau do vinho é mais frequentemente expressa em termos de sagrado/profano, cuidadoso/indulgente, jubiloso/tolo, voltado para Deus/egoísta, espiritual/lascivo e assim por diante. Em certo sentido, embora o vinho no copo do bêbado seja feito da mesma substância do que está no cálice da comunhão, eles não são a mesma coisa. Um é cálice de juízo, o outro, cálice de bênção. São opostos um ao outro.

Sugiro que o alcoólatra pode ser convidado a participar de um cálice de bênção sem medo de que isso o destrua. Para ele, o cálice é transformado, porque ele está em Cristo. Além disso, se lhe causaria horror embriagar-se com o cálice da nova aliança, isso não o ajudaria a ter uma visão transformada do vinho em outros contextos também?

Conheço pessoas viciadas em álcool. Convido essas pessoas a trocar um cálice por outro, a trocar a morte pela vida. Ficaria horrorizado se, por qualquer conselho que eu desse, contribuísse para aumentar sua miséria. Mas Deus escolheu esse símbolo deliberadamente — sabendo de antemão que desastre ele pode ser fora da aliança.

Ele poderia ter escolhido outra coisa.

Algo que não estivesse simultaneamente associado ao pecado e à maldição.

Algo como suco de uva.

Tradução: Francisco Batista de Araújo

Fonte: Mark McConnell, Biblical Horizons 

Marcações: