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O que é Deus?

A resposta 4 do Catecismo Maior de Westminster é frequentemente vista como uma resposta magnífica à pergunta: “O que é Deus?” Ela diz: “Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade”. Os presbiterianos costumam elogiar essa declaração, pregando sobre ela e vendo-a como praticamente dada pela inspiração divina na Assembleia de Westminster.

Eu não gosto dela.

Não gosto porque é uma boa descrição do deus de Aristóteles.

Não gosto porque é uma boa descrição do deus do Islã.

Não gosto porque é uma boa descrição do deus do deísmo.

Em resumo, não gosto dela porque não há nada especificamente cristão nessa resposta.

Certamente, tudo o que a resposta do Catecismo Maior de Westminster diz é suficientemente verdadeiro, mas (a) não é especificamente cristão; (b) é abstrato; e (c) não isola como fundamental aquilo que a Bíblia enfatiza.

E assim, sugiro uma nova resposta para uma pergunta melhor: “Quem é Deus? Deus é o Criador Triúno, Governante, Legislador, Capacitor e Juiz de todas as coisas nos céus e na terra”.

Observe os seguintes elementos específicos cristãos:

Primeiro, Deus é triúno. Nenhuma outra religião pode afirmar isso. Isso significa que Deus é uma Pessoa e também três Pessoas.

Segundo, Deus criou os céus e a terra. Ele não criou um reino, mas dois (embora estejam destinados a se tornar um).

Esses dois pontos por si só eliminam todas as noções não cristãs e filosóficas de “deus”.

Os cinco atributos mencionados vêm da aliança e da história. Eles afirmam que a história é real, e que Deus a supervisiona. Não são abstrações, mas apontam para a atividade de Deus. Assim:

Terceiro, Deus é Criador. Isso afirma a distinção Criador-criatura, e, dessa forma, implica tudo o que é dito na declaração do Catecismo Maior de Westminster, mas com uma base especificamente cristã.

Quarto, Deus é Governante. Isso afirma a Providência, a soberania de Deus sobre todas as transições na história.

Quinto, Deus é Legislador. Isso afirma a Palavra de Deus, a Bíblia, como a comunicação verdadeira de Deus para a humanidade. Não há filosofia aqui!

Sexto, Deus é Capacitor. Como o Espírito, Deus move tudo o que se move, e dá vida a tudo o que vive.

Finalmente, Deus é Juiz. A história é real, e Deus a avalia ao longo de todo o caminho, intervindo em muitos pontos e, por fim, julgando-a.

Eu afirmo que essa é uma descrição muito mais cristã de Deus do que a que encontramos no Catecismo Maior de Westminster.

Isso é importante? Eu acho que sim. Historicamente, o calvinismo repetidamente declinou para o deísmo e o gnosticismo. Isso acontece porque o calvinismo, apesar de ser a forma mais consistente de cristianismo até agora, tratou Deus filosoficamente, e depois adicionou a ideia de que Deus é triúno, uma pessoa e um ator na história. A Unidade de Deus é, de fato, tratada como mais fundamental do que sua Trindade. Por essa razão, bons calvinistas poderiam ser maçons e afirmar que, por razões políticas, a “unidade geral de Deus” era suficiente. Agora, já está claro para pessoas que pensam que toda a água se esgotou dessa banheira em particular, e precisamos perguntar por que nossos antepassados entraram nela em primeiro lugar. A Resposta 4 do Catecismo Maior de Westminster é uma das razões.

Tradução: Francisco Batista de Araújo

Fonte: James Jordan, Biblical Horizons Newsletter No. 82: What is God?

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