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4 RAZÕES PARA PREFERIR O CRISTIANISMO CULTURAL E O NOMINAL AO PAGANISMO

1. Deveríamos preferir uma cultura nominalmente cristã ao paganismo porque restringir o mal é sempre preferível à abraçá-lo e celebrá-lo. Embora todo pecado seja mortal para a alma e mereça a justa ira de Deus no Inferno para sempre, nem todo pecado é igualmente corruptor ou prejudicial aos indivíduos ou à sociedade. A luxúria no coração é adultério pecaminoso, mas não é tão corruptora para um indivíduo ou para a sociedade quanto cometer adultério, a homossexualidade ou a bestialidade. Embora toda luxúria seja pecado, e o salário de todo pecado seja a morte, a corrupção de um adolescente que observa uma modelo da Victoria Secret é de fato muito diferente da corrupção que ocorre quando ele se depara com pornografia infantil pesada. Da mesma forma, o ódio no coração é um assassinato pecaminoso, como nosso Senhor ensinou; mas o assassinato físico real causa muito mais danos. Embora a hipocrisia seja um pecado grave que leva a males maiores se não for controlada, ainda é um pecado menos corruptor do que a oposição aberta e flagrante às leis de Deus. Como disse François de La Rochefoucauld: “A hipocrisia é o tributo que o vício presta à virtude”. É melhor esta cultura do que aquela em que o vício não sente necessidade de prestar qualquer tributo à virtude. O que, aliás, significa que eu defendo que uma cultura nominalmente cristã só é possível onde a verdadeira fé cristã tem uma influência cultural dominante. No entanto, a supressão do mal deve ser preferível à celebração dele pela mesma razão que a ordem civil deve ser preferível ao caos, ainda que a ordem surja de motivos mistos, incredulidade ou mesmo hipocrisia.

2. Deveríamos preferir uma cultura nominalmente cristã ao paganismo porque somos obrigados por Deus a orar pela paz de nossas cidades e a orar para que possamos viver vidas tranquilas e pacíficas com toda a piedade e honestidade (Jr 29.7, 1Tm 2.2). Claro que a paz final de nossas cidades significaria a conversão verdadeira de cada indivíduo ao evangelho de Jesus Cristo, e a vida mais tranquila possível seria aquela na qual todos fossem regenerados. Mas a paz relativa das nossas cidades é encontrada na sua relativa abertura e conformidade com as leis e os caminhos de Deus, ainda que não seja com motivos puros de coração. Por exemplo, embora a nossa nação claramente não tenha se arrependido do assassinato bárbaro de nascituros, os cristãos deveriam regozijar-se com a derrubada de Roe. E o fato de se ter um presidente presbiteriano nominal e de vários juízes católicos romanos do Supremo Tribunal terem desempenhado papéis importantes nessa decisão é um exemplo de uma cultura cristã nominal que obteve uma vitória sobre o paganismo declarado. Curiosamente, muitos cristãos nominais (que, por exemplo, só frequentam a igreja no Natal e na Páscoa) tendem a inclinar-se mais para a Bíblia quando se trata de muitas questões sociais, ainda que de forma inconsistente. A conformidade vaga e externa com o cristianismo é melhor para a paz das nações e para a existência pacífica dos cristãos do que o paganismo desenfreado.

3. Deveríamos preferir uma cultura nominalmente cristã ao paganismo porque quando a igreja é saudável e próspera, muitos cristãos nominais entram em maior contato com o evangelho verdadeiro e chegam à verdadeira fé. Praticamos isso quando os pais cristãos criam seus filhos em comunhão com a  igreja. Algumas dessas crianças só chegam ao conhecimento salvífico de Jesus Cristo anos mais tarde, mas esses anos de frequência “nominal” à igreja não são desperdiçados. Foram anos de evangelização e preparação para o evangelho. Como postei no Twitter  recentemente: “O medo do ‘cristianismo cultural’ é o equivalente sócio-cultural da normalização da conversão ‘em crise’ – a noção errada de que é preciso passar por um período de rebelião ou crise antes de ser salvo. Mas muitos vêm a Cristo depois de crescer indo à igreja; deveríamos querer isso para nossa nação”. Da mesma forma, os cristãos frequentemente convidam amigos não-cristãos para frequentar a igreja, estudos bíblicos, escolas bíblicas de férias, concertos cristãos, pequenos grupos, e duvido fortemente que algum cristão se preocupe seriamente que isso seja ruim para seus amigos e vizinhos não-cristãos, para suas igrejas ou para a nação. O evangelho funciona como o fermento no pão, e isso normalmente leva tempo e precisa de contato. Esse tempo de contato externo com o evangelho não é ruim, mas é normalmente bom. Certamente sabemos que se os incrédulos ouvirem o evangelho claramente e o rejeitarem, no final as coisas serão ainda piores para eles no Inferno (2Pe 2.21). Porém, o fato de alguns não-cristãos frequentarem a igreja ou os estudos bíblicos e, até certo ponto, conformarem suas vidas exteriormente com algumas normas cristãs é uma oportunidade evangelística. Devemos preferir isso ao antagonismo aberto ao cristianismo, onde essas oportunidades são muito menores. É mais difícil compartilhar o evangelho quando os incrédulos estão apenas gritando e arrastando você para algum tipo de campo de concentração – embora Deus muitas vezes ainda tenha usado essa perseguição para mostrar seu evangelho e chamar os incrédulos para si mesmo.

4. Deveríamos preferir uma cultura nominalmente cristã ao paganismo porque isso permite que a igreja e as famílias cristãs façam o seu trabalho com mais liberdade. Embora seja verdade que as culturas cristãs nominais atraem muitas igrejas e famílias à preguiça e à apatia, ainda é melhor criar os filhos e discipular novos cristãos com a aprovação e o apoio geral da cultura do que se esconder da perseguição. Deveríamos antes viver numa cultura que permita que as igrejas se reúnam e construam edifícios, que as escolas cristãs funcionem abertamente e que o evangelismo ocorra sem impedimentos. É claro que Deus muitas vezes se agradou em exigir que o seu povo trabalhasse em circunstâncias menos ideais, e há bênçãos especiais para esses esforços – a igreja clandestina na Coreia do Norte e na China é sem dúvida sustentada pela graça de Deus para esta missão. No entanto, os cristãos devem preferir trabalhar em culturas mais receptivas. Se pudéssemos apertar um botão hoje e as únicas opções fossem deixar a América como ela é atualmente (o cadáver em decomposição de uma cultura cristã) e nos tornarmos a Coreia do Norte, os cristãos não deveriam escolher voluntariamente a Coreia do Norte. É claro que devemos estar dispostos a enfrentar essa situação e nos regozijar nela caso Deus assim queira, mas não devemos escolhê-la voluntariamente, a menos que estejamos convencidos de que é para o nosso bem e para o bem do Reino. Se todas as coisas forem iguais, deveríamos escolher menos perseguição, mais liberdade para nos reunirmos abertamente como igreja, fazer evangelismo, praticar uma educação cristã e cumprir a Grande Comissão. Se os missionários chegam a uma ilha onde o canibalismo é praticado com todo vigor, onde devoram os missionários que trazem outra religião que não a deles, a primeira coisa a fazer é de alguma forma convencer os canibais a adotarem uma forma de cristianismo nominal, pelo menos durante tempo suficiente para ouvirem o evangelho. E os missionários não devem sentir qualquer culpa se suspeitarem que os canibais estão abraçando noções cristãs no processo, sem ainda terem aceitado Cristo como seu Salvador.

Tradução: Rafael Sanguinetti

Fonte: https://tobyjsumpter.com/4-reasons-to-prefer-cultural-christianity-nominal-christianity-to-paganism/