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A Fé que Atua pelo Amor por Joseph Mizzi

Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.” (Gálatas 5.6)

A justificação é um aspecto do propósito de Deus na nossa salvação. Ele quer nos perdoar dos nossos pecados e nos salvar da condenação e punição do inferno. Mas isso não é tudo. Deus também quer salvar o seu povo da sujeira e prática do pecado. O Pai quer que os seus filhos sejam santos como ele é santo. Então, do primeiro momento que ele os justifica, ele também renova o seu coração e começa um projeto vitalício para moldá-los à imagem do seu Filho. Esse aspecto da salvação se chama santificação.

Em outras palavras, a justificação tem a ver com o nosso status jurídico. Deus declara o crente justo por causa de Cristo. A santificação tem a ver com o nosso caráter e comportamento; Deus quer que o seu povo se torne justo.

Enquanto a justificação se baseia na obra de Cristo na cruz em nosso favor, e não nos méritos das nossas obras, a santificação envolve a renovação dos nossos pensamentos, desejos, discurso e ações. Deus ensina e nos capacita a fazer boas obras em obediência à sua vontade. Só podemos nos tornar justos por meio da nossa obediência, nossas boas obras e não simplesmente somente pela fé.

Esses dois aspectos da salvação precisam ser distinguidos, mas não podem ser separados. Uma pessoa não pode ser justificada a não ser que ela também esteja no processo de santificação. Por outro lado, não se pode se fazer uma única boa obra enquanto se estiver em pecado. Não importa o que um inimigo de Deus faça (pois é isso que a Bíblia chama quem não está justificado ainda), ele não pode agradar ao Senhor. Primeiro, ele precisa ser reconciliado e justificado. Então, Deus se compraz com as boas obras de seus filhos, mesmo com suas imperfeições. Eles precisam primeiro ser justificados pela fé, em separado de suas obras, e somente então é que poderão começar a fazer boas obras.

Então, assim como seria um erro fatal presumir que podemos somar quaisquer méritos das nossas obras para a justificação, seria igualmente fatal se presumíssemos ser salvos se a nossa fé estiver só, estéril e infrutífera. O apóstolo que nos ensinou que Deus justifica aquele “que não trabalha, mas crê” também nos ensinou que, na nossa experiência cristã, o que realmente importa é “a fé que atua pelo amor” (Gálatas 5.6). Para a justificação, a fé não trabalha; para a vida, a fé trabalha incansavelmente, amando a Deus e ao próximo em resposta ao amor incrível que o crente recebeu.

Tiago diz o mesmo. “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” (Tiago 2.14). Ele testa a profissão de fé pelo fruto que ela produz. Se as obras estão ausentes, a fé está morta. A fé morta não justifica. Assim, ele conclui que “uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente” (2.24). A pessoa que alega ter fé sem qualquer evidência de obras e uma vida piedosa está se enganando e corre o risco de perdição eterna. 

Temos duas questões diante de nós. A primeira é esta: “como um pecador pode ser justificado diante de Deus?” A resposta é: “pela fé somente em Cristo somente, não por causa do mérito das nossas obras”. A segunda questão é: “Como sabemos que essa fé é real?” A resposta é: “a fé é conhecida pelo seu fruto, as boas obras que se seguem a justificação.

Fazemos bem em ponderar essas questões perante Deus. Não descansemos até descartarmos toda autoconfiança e dependermos da fé em Cristo somente e na sua cruz para a nossa justificação. Mas não pensemos que temos fé, a não ser que experimentemos o poder transformador de Deus em nós como evidenciado pelo amor sincero, pela santidade e por uma abundância de boas obras.

Este é o capítulo 14 do livreto Right with God de Joseph Mizzi.

Tradução por Guilherme Cordeiro.