Meus caros irmãos, quando lhes dizemos que cuidem bem da sua vida, queremos dizer que sejam cuidadosos até com as minudências do seu caráter. Evitem as pequenas dívidas, a impontualidade, fazer mexericos, dar apelidos, contendas minúsculas, e todos aqueles pequenos males que enchem de moscas o unguento. As auto-indulgências que têm rebaixado a reputação de muitos, não podemos tolerar. As familiaridades que têm lançado suspeita sobre outros, temos que evitar castamente. Da grosseria que tem tornado alguns odiosos, e das futilidades que tornaram muitos desprezíveis, temos que nos descartar. Não podemos permitir-nos correr grandes riscos por causa de pequenas coisas. Tenhamos o cuidado de conduzir-nos de acordo com a regra: “Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado”.
Com isto não se quer dizer que devemos manter-nos presos a quaisquer caprichos da sociedade em que nos movemos. Em regra, odeio as modas da sociedade e detesto os convencionalismos, e se eu achasse que a melhor atitude seria pisar numa regra de etiqueta, sentir-me-ia gratificado ao fazê-lo. Não; somos homens, não escravos; e não devemos renunciar à nossa liberdade varonil para sermos lacaios dos que fingem gentileza ou alardeiam polidez. Entretanto, irmãos, de tudo que se aproxima da grosseria que cheira a pecado temos que fugir como fugiríamos de uma víbora. Para nós as regras do Conde Chesterfield (1694-1773) são ridículas; não, porém, o exemplo de Cristo. Ele nunca foi grosseiro, baixo, descortês ou indelicado.
Mesmo em vossas recreações, lembrem-se de que são ministros. Quando estão fora da mira, ainda continuam sendo oficiais do exército de Cristo, e, como tais, não se rebaixem. Mas, se devemos observar com cautela as coisas mínimas, quanto cuidado devemos ter nas grandes questões da moralidade, da honestidade e da integridade! Nestas é preciso que o ministro não falhe. Sua vida particular deve estar sempre em harmonia com o seu ministério, ou, do contrário, o seu dia se porá com ele, e quanto mais cedo se afastar, melhor, pois a sua permanência nesse ofício servirá somente para desonrar a causa de Deus e ocasionar a ruína de si mesmo.
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Fonte: Lições aos Meus Alunos, Vol. 2 (Editora PES), p. 21-22.