A soberania de Deus na salvação do assassino do meu pai. (Rev. Prof. Dr.)F. N. Lee)
Em abril de 1994, eu fui convidado a viajar pelo mundo e expor a Oração do Senhor nos EUA durante setembro. Tendo adquirido um tíquete aéreo, por ser filho único, eu aguardava ansiosamente visitar meus pais em Barrydale (perto de Swellendam na África do Sul) no caminho entre a Austrália e a América.
Todavia, em julho de 1994, meu pai (de quase 86 anos) foi roubado e deixado para morrer enquanto estava em casa. Minha mãe (perdendo a sanidade e algumas de suas funções corporais) ficou permanentemente hospitalizada. Uma semana depois de ser assaltado, o meu pai morreu no hospital e foi para estar com o Senhor.
Quando cheguei na África do Sul em setembro, eu fui para Swellendam (onde a minha mãe ainda estava internada). Ali eu fiquei surpreso ao saber que a polícia tinha prendido um jovem relacionado com a morte de meu pai e que o jovem tinha assinado uma declaração afirmando que ele tinha atacado meu pai sozinho. Eu também soube que o meu pai, antes de morrer, tinha descrito o jovem para a polícia (uma descrição completamente coerente com a aparência do acusado) e ele estava preso precisamente em Swellendam, esperando seu julgamento preliminar marcado para só uma semana após a minha chegada ali.
Eu imediatamente entrei em contato com a cadeia, requerendo permissão para vir e falar com acusado (que também era acusado de ter matado outra pessoa antes de atacar o meu pai). A polícia generosamente acolheu o meu pedido. Ele, todavia, quando soube quem eu era, concordou e até pediu para se encontrar comigo.
No dia 15 de setembro eu fui para a cadeia, onde me pediram para entregar a minha câmera e gravador e qualquer arma de fogo que eu portasse. Eu fui escoltado até um quarto onde três policiais armados e seu comandante estavam fazendo seu trabalho burocrático. Um minuto depois, o acusado foi dirigido ao recinto e ficou ali na minha frente.
Ele era um homem forte e de altura mediana, correspondendo exatamente à descrição dada pelo meu pai à polícia. Ele ficou ali, simplesmente olhando para o chão. Eu silenciosamente orei a Deus por orientação sobre o próximo passo. Então eu me levantei da cadeira; dirigi-me educadamente a ele com seu nome completo; cumprimentei-o com um aperto de mão; agradeci-lhe sinceramente por me permitir essa conversa; e pedi que ele se sentasse antes que eu o fizesse.
Eu disse, então: “Sr. W., você está comendo o suficiente aqui?”. Ele respondeu: “sim, obrigado”. Eu disse: “você está em paz aqui?”. Ele respondeu: “eu estou bem infeliz, senhor. Eu tenho orado a Deus na minha cela pelas últimas três noites, mas é como se as minhas orações batessem no teto e não passassem dali”.
Eu então disse: “Mr. W. eu sou o filho único do homem que foi deixado para morrer por detrás da porta da frente de sua casa em Barrydale no dia 10 de julho, o qual você acusado de ter assaltado. Eu aguardava ansiosamente passar uma semana com ele em setembro, mas você pode ver agora que isso é impossível”. O jovem anuiu e nada mais disse.
Eu continuei, então:
“Sr. W., meu pai não era um cristão há alguns anos, mas então chegou uma época da sua vida quando ele se arrependeu de seus pecados e recebeu a Jesus como seu Senhor e Salvador. É por isso que agora ele está nos céus, esperando eu me juntar a ele.
Eu te garanto, Sr. W., que se você fizer as pazes com Deus — quer você morra agora de um infarto; quer seja condenado à morte; quer morra naturalmente depois — você também vai para o céu. Eu também lhe asseguro que o meu pai, que você é acusado de matar, será o primeiro a te receber ali. Todavia, Mr. W., se você não se arrepender e se você morrer em seus pecados, eu te garanto que você vai passar a eternidade no fogo do inferno e na danação eterna!
Sr. W., quer você se arrependa e se torne um cristão, quer você endureça o seu coração e morra nos seus pecados, você pode ter certeza de que, se você for condenado pela Justiça, eu gostaria que você recebesse a maior pena possível.
Eu não pedirei nenhuma leniência para você, mesmo se você se tornar um cristão, mas eu estou te oferecendo uma vida eterna no céu depois que você morrer, se você se arrepender e vir a Jesus.
Sr. W., três homens morreram num pequeno monte chamado de Calvário. Dois eram ladrões condenados; mas Aquele que estava no meio, o Senhor Jesus, era inocente. Ladrões, como você sabe, incluem aqueles que saem por aí batendo em idosos e os deixando para morrer depois de roubá-los. Esses dois ladrões zombaram do inocente Jesus crucificado entre eles.
Mas então um dos ladrões se arrependeram, se virou para o outro e disse: ‘a nossa condenação é justa. Pois estamos recebendo a pena devida pelas nossas obras. Mas este homem (Jesus) não fez nada de errado!’ Então o ladrão penitente disse a Jesus: ‘Senhor, lembre-se de mim quando vieres no teu reino!’ Então Jesus disse: “Em verdade eu te digo, hoje mesmo estarás comigo no paraíso!”
Sr W., você se vê como um desses ladrões perto de Jesus no Calvário? Você vai morrer nos seus pecados e ir para o inferno como o ladrão impenitente? Ou você, como o outro ladrão, vai se arrepender de seus pecados; receber a Jesus como seu Senhor; e ser assegurado por ele de que você vai para o céu quando você morre?
Sr. W., se você quiser, eu saio dessa cadeia agora mesmo. Mas se você preferir, eu me consideraria honrado a mostrar a você como se tornar um cristão. Qual vai ser?”
Sr. W., então, tentou me olhar nos olhos. Ele disse: “senhor, você pode, por favor, me mostrar como posso me tornar um cristão?” Eu então percebi que os quatro policiais no quarto tinham todos abaixado suas canetas, parado de trabalhar e que aguçavam suas orelhas, para nos ouvir. Então eu disse: “comandante, o senhor poderia me dar uma Bíblia, por gentileza?”
O comandante saiu disparado da sala e imediatamente retornou com uma Bíblia e a colocou no meu colo com muito respeito. Eu a abri em João 3.16 e perguntei se o Sr. W. poderia ler. Quando ele concordou, lhe entreguei a Bíblia e lhe pedi que a lesse. Em alto e bom som, ele leu e então disse: “eu sou pecador demais!” Mas eu respondi: “Sr. W., olha o que diz aqui: ‘todo’; e isso inclui você também, se e quando você colocar a sua confiança em Jesus”.
A atmosfera estava carregada. Todo aquele recinto sentia a poderosa presença de Deus o Espírito Santo. O silêncio era aterrador. Então eu disse: “Sr. W., você virá a Cristo?” Ele respondeu: “sim!”
Então, os dois pecadores que mereciam o inferno — Rev. Prof. Dr. Nigel Lee e o assassino de meu pai, Sr. W. — logo se ajoelharam naquela cadeia juntos. Eu coloquei o meu braço no seu ombro e orei primeiro. Eu agradeci a Deus pelo nosso encontro; (re)confessei todos os meus últimos pecados ao Senhor; e então pedi que ele tivesse misericórdia do Sr. W., em Cristo.
Sr. W. orou então. Ele disse: “Senhor, eu sou um miserável pecador! Por favor, não deixe que Satanás me destrua! Eu peço perdão por todos os meus pecados. Perdoa-se, por Jesus, que morreu por pessoas como eu!”
Nós nos levantamos. Eu lhe afirmei: “Sr. W., se você realmente foi sincero, você agora é o meu irmão. Nesse caso, aqui está a minha destra da comunhão. Eu vou te ajudar de qualquer forma que eu possa. Aqui está o meu endereço na Austrália. Se você escrever para mm, eu prometo responder todas as cartas que você me escrever pelo resto da minha vida. Quando é o seu julgamento?”
Ele respondeu: “quinta, 22 de setembro”. Eu prometi orar por ele naquele dia (eu estaria fora), que a justiça fosse feita e que ele continuasse a receber a graça de Deus qualquer que fosse o resultado. Eu apertei sua mão de novo e deixei a cadeia para a surpresa tanto da polícia agradecida e os presos surpresos mantidos ali que simplesmente continuaram a me fitar com surpresa.
Dirigindo de volta para Barrydale, eu louvei a Deus e cantei os seus Salmos o tempo todo — vendo novamente que Deus não está morto, mas bem vivo nesse grande planeta terra. Pois Deus tinha revivificado a minha alma — e, creio eu, a de todos aqueles naquele recinto da cadeia.
Quatro dias depois, eu visitei a cadeia novamente. Dessa vez, o sr. W. estava me esperando com um sorriso. Ele estivera lendo a Bíblia desde a última vez que o vi e disse estar em paz. Eu exortei ele a falar aos outros prisioneiros sobre o que lhe acontecera; contar toda a verdade do seu julgamento.
Eu também lhe exortei a trabalhar e testemunhar para o Senhor pelo resto de sua vida terrena (fosse ela curta ou longa). Ele, então, orou tanto por nós dois; agradeceu a Deus pelas minhas visitas; e corajosamente pediu ao Senhor para me abençoar aonde quer que eu fosse (naquele mesmo dia eu ia para a Inglaterra e depois para os EUA).
Deus ouviu sua oração. Em Londres, o Senhor falou poderosamente mesmo eu relatando ali tais eventos. Nos Estados Unidos, o efeito foi eletrizante e a gravação da minha estória está se espalhando como fogo e produzindo incríveis reações e resultados. Eu usei lá, como uma ilustração, enquanto pregava sobre o quinto pedido na Oração do Senhor: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.
Meu amigo pecador, como está a sua alma? Você já acertou as suas contas com Deus relativas ao hoje e à eternidade? Pois Jesus nos promete: “se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”!
Oh que Deus derretesse os céus e descesse, e que tocasse e revivesse seus filhos de nariz empinado aqui na terra! Você tem certeza de que todos os seus pecados foram perdoados em Cristo? Se não, acerte as suas contas com ele o mais rápido possível!
Com amor no serviço ao Senhor, de um pecador salvo pela graça
(Rev. Prof. Dr.) F. N. Lee
Tradução: Guilherme Cordeiro