Embora houvesse uma disputa entre os antigos a respeito desta Epístola, como sua leitura é útil, e como não contém nada de inconsistente com a pureza da doutrina apostólica, tendo sido recebida anteriormente como autêntica por alguns dos mais capazes, eu de boa vontade a acrescento às demais. Além disso, sua brevidade não requer uma explicação longa do seu conteúdo; e quase na sua totalidade é praticamente idêntica ao capítulo dois da última Epístola.
Uma vez que homens inescrupulosos, sob o nome de cristãos, haviam se introduzido, tendo por objetivo principal levar os fracos e inconstantes a um profano menosprezo a Deus, Judas explica primeiro que os fiéis não deveriam ter sido movidos por agentes desta natureza, pelos quais a Igreja sempre foi assaltada. E, por outro lado, os exorta a terem muito cuidado com tais pestes. E para torná-los ainda mais odiosos e detestáveis, ele denuncia sobre estes a ira iminente de Deus, conforme merecia sua impiedade. Ora, se considerarmos o que Satanás tem empreendido em nossa geração, desde o início do evangelho restaurado, e que artifícios ele ainda emprega ativamente para subverter a fé, e o temor a Deus, o que foi um alerta útil no tempo de Judas é mais do que necessário em nossa época. Mas isto se revelará mais plenamente na medida em que prosseguirmos na leitura da Epístola.