Uma das percepções mais importantes da teologia Reformada é a unidade das obras da Trindade. Calvinistas creem que Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo estão unidos na obra de redimir a humanidade perdida. Não cremos que eles ajam um contra o outro, ou mesmo um sobre o outro, mas um com o outro em nossa salvação. Por exemplo, Jesus não morreu para convencer o Pai a mudar sua atitude para conosco, de inimizade a amor. Antes, Jesus morreu na cruz por causa do amor do Pai por nós, como João 3.16: diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O Pai e o Filho estão unidos em sua obra pela salvação daqueles que creem: o Pai elegendo e enviando o seu Filho; o Filho expiando pelos pecados daqueles escolhidos e dados a ele pelo Pai (João 6.37-40). A mesma harmonia existe entre o Filho e o Espírito. Jesus não morreu pelos pecados de todas as pessoas, ao passo que o Espírito Santo aplica os benefícios de sua obra meramente a alguns. Antes, o Espírito Santo regenera precisamente as pessoas por quem Jesus ofereceu sua obra expiatória, de forma que a obra da segunda e terceira pessoas da Trindade se harmoniza perfeitamente.
Essa ênfase sobre a unidade da Trindade na salvação pode ser vista nas doutrinas da graça, na forma como estão organizadas pelo acróstico TULIP. As doutrinas da graça começam com um problema: T— a depravação total do homem. A resposta a esse problema é suscitada pela obra unificada da Trindade. Ela começa com a eleição incondicional, que é focada no propósito soberano do Pai na predestinação. A salvação é então realizada pela obra expiatória de Jesus sobre a cruz, a qual, de acordo com a expiação limitada, foi oferecida por aqueles eleitos pelo Pai. Essa salvação é então soberanamente aplicada àqueles mesmos indivíduos eleitos pela obra regeneradora do Espírito Santo, que é o ponto da graça irresistível. Portanto, assim como a eleição incondicional descreve a graça do Pai e a expiação limitada descreve a graça do Filho, a graça irresistível apresenta a graça do Espírito Santo. Embora reconhecendo que onde um membro da Trindade age, todos estão envolvidos, podemos identificar a graça irresistível como a própria doutrina da graça do Espírito Santo.
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Fonte: What’s So Great about the Doctrines of Grace?, por Richard Phillips.
Tradução: Felipe Sabino (agosto/2013)