Do fundo do coração
Ministra Damares Alves
Um dia me concebeste
Quantos sonhos condensados!
Com a vida que não quiseste,
Foram todos rejeitados.
Se meu corpo ocupou pouco,
meu coração tudo via,
E ainda que em grito mouco
Berrar, feito louco, iria.
Em vez do amor reservado
Para um filhinho tão grato
Resta só o mal traçado
Não tens nem o meu retrato
Nunca vai adiantar dizer
Que essa era a melhor opção
Pois nunca se vai entender
Razões que não possuem razão
Contra tão frágil pequenez,
de um indefeso inocente,
aquela que um dia me fez
postou-se atroz e inclemente.
De quem teria carinho
Afeto, amor, dedicação,
e um lar, um tão doce ninho…
recebo esta alta traição.
A Deus rogo, aqui, antes de ir:
Quem um útero conheceu
Não seja obrigado a partir
Como tive de ser do meu.
Saibam as mães a seu filho amar
Já desde a primeira hora.
Basta deixar o amor entrar
E ele virá sem demora.
De mim fica só a memória
Todo o tempo a te acompanhar
Pois nunca terá história
Este que sempre quis te amar.
[Poema/endosso da Ministra Damares Alves para o excelente livro Se eu pudesse falar: Cartas do útero.]