Manchetes e revelações recentes estão fazendo com que muitos de nós pensem profundamente sobre os aplicativos que usamos e, especialmente, os categorizados como mídias sociais. Estamos começando a questionar se eles são tão benéficos e essenciais para nossas vidas quanto, talvez, uma vez, tenhamos assumido. Enquanto pensava mais e mais sobre meus aplicativos e meu compromisso com eles, duas perguntas me foram desafiadoras e esclarecedoras. Vou aplicá-las ao Facebook, pois é o aplicativo de mídia social mais proeminente e abrangente, mas também se aplica aos muitos concorrentes.
Aqui está a primeira pergunta: Quanto você pagou por esse aplicativo? Essa é uma boa pergunta a ser feita, pois ajuda a esclarecer a relação entre o usuário do aplicativo e seu criador.
Em geral, trocamos dinheiro pelos bens e serviços que desejamos. Se quisermos eletricidade, esperamos receber uma conta de energia elétrica; se quisermos TV a cabo, esperamos receber uma conta de TV a cabo; se quisermos ler um livro ou revista, esperamos ter que pagar alguns reais pelo privilégio. Mas esse aplicativo que comanda tanto a sua atenção e exige muito do seu tempo, quanto você pagou por isso? Eu espero que você nunca tenha pago um centavo.
O Facebook tem 25.000 funcionários e um exército de contratados, cada um dos quais espera ser pago no final do mês. Se você não está dando dinheiro a eles, quem está? Qual é o produto que eles vendem e quem é seu cliente? Simplisticamente, mas em essência, você é o produto e os anunciantes são os clientes. Facebook vende você para os anunciantes. Mais propriamente, eles vendem o direito de influenciar você. Este não é um relacionamento único e tem sido a espinha dorsal da publicidade televisiva e jornalística há anos. O que torna o Facebook muito mais poderoso é que eles se especializaram em coletar enormes quantidades de informações pessoais em massa e depois permitir que os anunciantes direcionem cuidadosamente as pessoas com base nelas. É a busca sem fim para obter informações sobre você através de incontáveis milhares de dados que os tornaram tão bem sucedidos e fizeram de seu fundador um dos homens mais ricos do mundo.
Porque você não dá dinheiro para o Facebook, os anunciantes o fazem. Como você não troca dinheiro com o Facebook, troca informações que são usadas para direcionar e influenciar você. Isso não é necessariamente ruim e parte dessa influência pode ser boa, útil e desejável. Mas é importante entender a natureza do relacionamento. Até que você esteja pagando em dinheiro, continuará pagando em informações.
Aqui está a segunda pergunta: quanto você pagaria por esse aplicativo? Essa pergunta é útil porque esclarece o que costuma ser uma grande disparidade entre a atenção que damos a um aplicativo e o valor que colocamos nele.
Imagine que amanhã o Facebook anunciará que está desativando todos os anúncios e, em vez disso, mudará para uma opção de assinatura, no próximo mês, você precisará pagar uma taxa para usá-lo. Quanto você pagaria todo mês? Provavelmente não muito. E quando os tempos ficarem difíceis e os cintos precisarem ser apertados, provavelmente será uma das primeiras coisas a se abrir mão. Agora imagine que o Twitter, o Instagram, o Messenger, o Snapchat e todo o resto fizessem a mesma coisa. Quanto você pagaria? É difícil imaginar o uso de todos esses aplicativos, e talvez até de qualquer um desses aplicativos, se se tratasse de uma decisão financeira.
O que é interessante para mim é que, para muitos de nós, a resposta para ambas as perguntas é a mesma. Quanto você pagou por esse aplicativo? Nada. Quanto você pagaria por esse aplicativo? Nada. O fato é que esses aplicativos só ganharam tal destaque porque não têm custo monetário envolvido. Houve um tempo em que estávamos dispostos a presumir que manter nosso dinheiro, mas dar nossa informação, era um comércio justo. Mas muitos de nós vivemos com um certo pesar, imaginando se demos algo que era realmente muito mais valioso do que pensávamos. Vale a pena perguntar: se o aplicativo não é valioso o suficiente para pagar em dinheiro, é valioso o suficiente para pagar por isso em informações e, é claro, no tempo e energia emocional que nos comprometemos com ele?
Traduzido por Felipe Barnabé