“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.8-10)
Embora a maior parte dos cristãos diga que a fé é necessária para a salvação, há discordâncias relevantes sobre o legítimo lugar das boas obras.
Alguns adicionariam as obras à fé como o meio de justificação. Eles não diriam que são salvos pelas obras somente; eles ainda creem em Cristo e na sua morte na cruz e na ressurreição. Eles também afirmariam a necessidade da graça e do poder do Espírito Santo para lhes capacitar a realizar boas obras para que, no final das contas, eles sejam julgados como tendo cumprido a lei de Deus e como merecendo a vida eterna. É basicamente essa a posição dos católicos fiéis.
Outros excluirão as obras completamente. A justificação é pela fé somente e por isso eles querem dizer que as obras não tem nada a ver com a salvação. Eles podem encorajar os crentes a viverem uma vida piedosa e a fazer boas obras, mas se tais obras estiverem ausentes, eles ainda diriam que tal pessoa é justificada. De fato, se alguém “recebeu a Cristo pela fé” e a sua vida continua inalterada ou até dominada pelo pecado, ainda assim eles ensinam que tal pessoa vai passar a eternidade no céu. Essa visão, às vezes chamada de “graça barata”, não é incomum dentre evangélicos.
Ambas as visões estão erradas. A Bíblia ensina que a salvação é “pela graça sois salvos mediante a fé”, e especificamente exclui as nossas obras como a base da salvação, “e isto não vem de vós; é dom de Deus”. A Bíblia é ainda mais enfática e explícita: “não de obras, para que ninguém se glorie”. Uma criança pode entender essa simples afirmação, mas também ela pode ser facilmente distorcida. Então a Escritura imediatamente previne contra a exclusão das obras nos dizendo que os salvos são “criados em Cristo Jesus para boas obras” (Ef 2.8-10). Obras não são os meios, mas o fruto da salvação.
Aqueles que professam crer em Cristo, mas continuam a viver em imoralidade sexual, embriaguez, ressentimento, desonestidade ou qualquer forma de injustiça não vão entrar no reino de Deus (1Co 6.6-10). Não é necessário ter algum pecado hediondo para ficar fora do céu. Basta não fazer nada. Cristo chama uma pessoa assim de preguiçosa e a sua condenação final não é incerta: “virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.50-51).
Por outro lado, é perigoso descansar nas nossas obras, mesmo em parte, como a base da nossa justificação. O fariseu que foi para o templo orar era um judeu devoto que cria no Deus vivo e verdadeiro. Ele se esforçou para obedecer a Lei e fazer boas obras. Ademais, ele não considerava que as suas conquistas morais foram alcançadas pela sua força natural. Ele agradeceu a Deus pela sua bondade. Ele não estava baseando a sua justificação pela fé e por obras que ele realizou pela graça de Deus. Todavia, na visão de Jesus, ele estava confiando em si mesmo quanto a ser justo. Tristemente, ele foi para casa sem ser justificado. O orgulho o tinha cegado para o seu pecado e culpa; ele olhou para si ao invés de tornar seus olhos para Deus onde ele encontraria misericórdia.
Que Deus nos ajude a evitar ambos erros mortais: eu não vou depender de forma alguma das minhas obras para a justificação, nem agora, nem nunca; eu me confio somente a Cristo pela fé pois eu estou convencido que Deus me justifica com base na justiça do seu Filho e no sacrifício da cruz. E já que eu estou aceito por Deus e recebi um novo coração, eu me dedico a boas obras para a sua glória, assim mostrando que a minha fé é viva e que a sua obra salvadora em mim é real.
Este é o capítulo 16 do livreto Right with God de Joseph Mizzi.
Tradução por Guilherme Cordeiro.