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Filosofia Cosmonômica e Tecnologia da Informação

 

 

Por Andrew Basden

Traduzido com permissão por Guilherme Carvalho

 

 

 

Este sumário foi elaborado originalmente com relevância especial para a Tecnologia da Informação. Atualmente está sendo reescrito para ser um resumo mais geral.

Um Resumo das Principais Idéias de Dooyeweerd

 

 

Todos nós fazemos suposições sobre a natureza de coisas; alguns chamam isso de “cosmovisão” (‘Weltanschauung’). Nossa cosmovisão nasce das mais profundas pressuposições que nós mantemos sobre a natureza de realidade em si, pressuposições que juntas denominamos “motivo-base” (Ground-Motive). Boa parte do pensamento, da ação, e do modo de vida Ocidental moderno como um todo se apoia no motivo-base “Determinismo/Liberdade”, ou “natureza/liberdade”: as coisas são vistas, ou como determinadas ou como livres, nunca como ambas ao mesmo tempo. Tal motivo-base é dualístico em natureza: ele lança uma realidade contra a outra como se fossem opostos irreconciliáveis. Em tecnologia da informação, por exemplo, este dualismo gerou dois campos principais: os racionalistas e o interpretivistas.

 

Obviamente, na vida real, nós encontramos tanto fenômenos determinísticos como fenômenos não determinísticos; assim eles não podem ser completamente irreconciliáveis. Esse fato perturbou o filósofo da metade do século XX, Herman Dooyeweerd, e ele se determinou a chegar até o fundo da questão. Retornou assim às raízes de nosso pensamento, e à diferença entre os pensamentos grego e hebreu.

Dooyeweerd chegou à conclusão de que o pensamento grego era inescapavelmente dualístico, ainda que alguns filósofos gregos não o fossem; as suposições mais básicas que eles sustentavam inevitavelmente conduziram sua cultura a dualismos e a cavar um abismo na realidade. Uma destas suposições era a de que a Existência ou o “Ser” é a propriedade primária de qualquer coisa que nós experimentamos, suposição que, por seu turno, parte da idéia de que a realidade experimentada por nós é auto-dependente; até mesmo os deuses seriam meramente parte dessa realidade auto-dependente.

 

 

Já o pensamento hebreu via a realidade que nós experimentamos como criada por Deus, que está fora dela ainda que interagindo com ela. Isto significou que a propriedade primária de tudo que nós experimentamos é o “Significado”, não “o Ser”. Esta nova interpretação, argumentou Dooyeweerd, mantém todas as coisas integradas sem qualquer dualismo.

 

 

Essa abordagem não é bem conhecida, mas é certamente interessante – e não só do ponto de vista teórico. Tendo examinado esse sistema por uma década, pareceu-me possível aplicá-lo à tecnologia de informações e sistemas em muitos pontos, bem como aos problemas de sustentabilidade ambiental. Provavelmente, ele poderia ser aplicado a muitas outras coisas. O presente texto é uma breve avaliação do sistema filosófico de Dooyeweerd, do ponto de vista dos Sistemas de Informação.

 

 

Para uma descrição geral, veja Clouser (1991), e para tratamento teórico completo, Dooyeweerd (1955) e Hart (1984). O sistema foi aplicado ao projeto de Sistemas de Informação por deRaadt (1991, 1994) e Grahn e Bergvall, (1994). A exposição mais clara de sua relevância para o projeto de sistemas é de deRaadt (1994), e a discussão seguinte fará copiosas referências à essa exposição (para maiores informações sobre estes autores, o leitor pode consultar o site de Andrew Basden. Ele pode ser encontrado em “Links”, neste site).

 

Duas dimensões

 

 

Existem dois ‘lados’ na realidade como nós a conhecemos:

Lado de Lei

 

Lado de Entidade

 

 

O Lado de Entidade envolve as coisas, sistemas, e de fato tudo o consideramos como uma “coisa” existente: por exemplo você, eu, a calota polar, uma rosa, um governo, uma sinfonia, um programa de computador. O Lado de Lei envolve as modalidades em que as entidades operam. Por exemplo: a modalidade física, a social, a biótica, a ética, a técnica, a estética. Os dois lados podem ser vistos como ortogonais: uma única entidade cruza várias modalidades, e uma única modalidade cruza várias entidades. Dooyeweerd traçou uma distinção clara entre os dois lados e definiu as relações entre eles.

 

 

Imediatamente nós vemos aqui um abandono do pensamento grego, que nós tendemos a sustentar até hoje, e que deu prioridade ao o Lado de Entidade. O pensamento centrado nas entidades postula que as leis são meramente resultados de entidades (caso elas de fato existam!), e que não pode haver nenhuma lei sem entidades. Ou seja, as “regularidades” ou “universais” que percebemos nas entidades são “propriedades” dessas entidades. Para ilustrar: de onde vêm as leis e normas sociais? Resposta: eles surgem meramente da operação, propriedades e necessidades das entidades que formam o grupo, sob as pressões de seu meio ambiente, ao longo das enormes escalas de tempo evolucionárias. Em um ambiente diferente, ou com tipos diferentes de entidades, as leis sociais poderiam ter se formado diferentemente.

 

 

 

Dooyeweerd põe isso tudo de cabeça para baixo: as leis não são meros resultados das entidades, mas permanecem distintas das entidades não podendo haver nenhuma entidade sem leis. Uma diferença confusa? Talvez, mas com significado enorme, embora sutil. De onde vêm as leis sociais? Resposta: elas são dadas externamente, devendo ser descobertas. Outras normas e leis sociais poderiam ter surgido em outros contextos ou com tipos diferentes de entidades? Não necessariamente, embora o aspecto social em si possa ser ‘parametrizado’ conforme o contexto.

 

 

 

Dooyeweerd não nega a importância das entidades; somente afirma que existe uma diferença entre o pensamento comum e o pensamento científico no que se relaciona aos dois lados. No pensamento comum as entidades permanecem em evidência, como elas são, enquanto que o Lado de Lei fica ao fundo, implícito; já na ciência o Lado de Lei fica em evidência enquanto as entidades retrocedem. Isto é, quando nós analisamos cientificamente a realidade nós estudamos o Lado de Lei, não o comportamento das entidades. É o Lado de Lei que expressa o Significado fundamental, e é o Lado de Lei que habilita entidades a “existir”. O pensamento centrado em entidades assume que as entidades devem ser focalizadas tanto no pensamento comum como no pensamento científico, supondo que ciência deve necessariamente ter o mesmo ponto de partida do pensamento comum, da vida diária.

 

Significado e Existência

 

Como foi mencionado acima, o enfoque em modalidades reflete uma mudança radical no pensamento de Dooyeweerd, substituindo a suposição de 2,000 anos de idade de que a Existência é a propriedade fundamental das coisas, por uma que toma o Significado como a propriedade fundamental. Dessa noção aparentemente abstrata nascem importantes considerações.

 

Coisas, Entidades e Sistemas

 

 

Porém, a Existência não está sendo negada. Antes, é vista como essencialmente dependente e limitada pelo sentido. Dooyeweerd fala de ‘estruturas de individualidade’ que operam dentro da estrutura maior (“framework”) de Significado das modalidades; essas estruturas podem ser vistas como ‘coisas ‘ ou ‘entidades ‘. de Raadt aplica este pensamento ao desenvolvimento de Sistemas de Informações, e compara o ‘sistema’ com a ‘estrutura de individualidade’ de Dooyeweerd. Ele distingue entre sistemas naturais (coisas) como pedras, plantas, animais e seres humanos, e sistemas projetados (coisas) como hospitais ou famílias. Há também entidades passageiras (coisas) que são, como nós veremos, o resultado de seres humanos fazendo distinções e traçando limites. O ambiente e sociedade não são entidades da mesma maneira, exceto no último sentido.

 

Entidades (sistemas, coisas) podem funcionar de diferentes modos; se a entidade é uma pessoa, seu funcionamento pode incluir conhecimento, ação, crença, amor, comunicação, adoração, etc.

 

A Relação Sujeito-Objeto

 

 

Entidades funcionam como sujeitos e também como objetos. Um sujeito é um originador da ação enquanto um objeto é um recipiente da ação; um é ativo e o outro é passivo, se você preferir (embora essa explicação possa ser um pouco enganosa).

 

 

 

Tome o planejamento urbano, por exemplo; nós temos o ambiente urbano, pessoas que vivem nele, pessoas que trabalham nele, planejadores, animais, plantas, etc. Qual é o sujeito ativo e o objeto (passivo)? Hart (1984), em sua elaboração da abordagem inovadora de Dooyeweerd ao assunto, diferencia entre dois significados possíveis de ‘sujeito’ (ou ‘subjetivo’): ser sujeito a leis e normas, e ser um centro de ação e volição (como é o caso do sujeito de um verbo numa oração). A tendência comum de opôr sentimentos ‘subjetivos’ e valores a fatos ‘objetivos’ vem do segundo significado de sujeito (centro de ação) quando ele é divorciado do primeiro (ser sujeito a leis).

 

 

 

Mas, como Hart mostra, os dois significados de ‘sujeito’ estão inseparavelmente ligados em Dooyeweerd. Um sujeito age porque ele (seja pessoa ou coisa) é sujeito a leis e normas, não apesar delas. (A concepção do Dooyeweerd de leis ou normas não é de um constrangimento rígido nem de generalização abstrata, como geralmente encontramos no pensamento convencional, mas de algo que habilita a ação e orienta à ação. São estas leis que fazem qualquer ação possível; daí o termo ‘Cosmonômica’ que ele escolheu para sua filosofia. Esta é uma área em que o pensamento de Dooyeweerd é ortogonal em relação debate tradicional, mas nós não exploraremos isto aqui.).

 

 

 

Dado um certo sujeito conhecedor e agente, existe também um objeto conhecido e sofredor da ação, e ainda um conhecer e um agir. Na elaboração de um projeto ambiental o objeto é o próprio ambiente construído, incluindo as edificações, tráfego, economia, populações, etc. E os sujeitos? Os sujeitos são os projetistas, as pessoas que vivem no ambiente construído, as pessoas que trabalham lá, etc (notem a diferença entre população como um objeto e as pessoas que agem e os sujeitos do conhecimento). Eles são sujeitos às leis de vários aspectos, discutidos abaixo. Também os animais, plantas, edifícios, etc. são sujeitos, mas operam como tais dentro de conjuntos de leis mais limitados.

 

 

 

É visível que muitos dos problemas de sustentabilidade que nós enfrentamos emanam diretamente da separação artificial (embora desde há muito louvada) entre sujeito e objeto. Dois veios principais de pensamento filosófico nos últimos 500 anos – realismo e nominalismo- tem enfatizado um ou o outro, e estes dois estão dentro de um período mais longo (3000 anos) na análise do pensamento teórico de Dooyeweerd.

(Temos aqui talvez sombras da naturphilosophie de Goethe: nós somos parte de natureza, não observadores separados.)

 

 

 

Modalidades (Aspectos)

 

 

As modalidades podem ser vistas como a estrutura básica de Significado na qual todos os sistemas operam e recebem seu significado individual. Elas são freqüentemente chamadas de Aspectos ou Esferas Modais. Quinze modalidades foram identificadas: numérica, espacial, cinemática, física, biótica, sensitiva, analítica, histórica, linguística, social, econômica, estética, jurídica, ética e credal. Cada modalidade tem um núcleo que a torna significante e fornece seu “raio”, como se pode ver na tabela 1.

Os nomes das modalidades e seus os núcleos têm um significado um pouco especializado, e alguns deles são elucidados em de Raadt (1994). De interesse particular para o trabalho em Sistemas de Informação são as modalidades analítica, histórica e linguística. A modalidade analítica incorpora a lógica e a representação. A modalidade formativa foi chamada ‘histórica’, ‘cultural ‘ ou ‘técnica ‘ em vários momentos por Dooyeweerd, e envolve a atividade tecnológica e cultural, mas nós nos referiremos para ela como a modalidade formativa. Desde que muitas vezes em Sistemas de Informação se exige a interpretação de símbolos, a modalidade linguística está fortemente envolvida nessa atividade; por estas razões, de Raadt denomina esta como a modalidade ‘informatória’.

 

Aspecto /Núcleo

Numérico /Quantidade Discreta

Espacial /Extensão Contínua

Cinemático /Movimento

Físico /Energia e Matéria

Biótico /Vida e Vitalidade

Sensitivo /Sensações

Analítico /Distinção

Formativo /Poder Formativo

Linguístico /Representação Simbólica

Social /Intercurso Social

Econômico /Frugalidade

Estético /Harmonia

Jurídico /O que deve ser feito

Ético Amor /(auto-doação)

Credal /Fé e Visão

 

Elevação de um Aspecto

 

 

A humanidade tende a elevar certos aspectos, um em uma era e cultura, outro em outra. Essa elevação conduz a distorções, como nós podemos ver abaixo. Dooyeweerd chamou isto de absolutização; trata-se de uma forma extrema de elevação que implica, se não o diz explicitamente, que o aspecto escolhido é o único que realmente importa, ou realmente existe. Isso leva a diferentes tipos de reducionismo.

Dooyeweerd investigou a elevação de dois aspectos em particular – analíticos e formativos. A absolutização do aspecto analítico deu a nós o racionalismo. Crucialmente, o aspecto analítico é central para a ciência e todo pensamento teórico; nós fazemos distinções para classificar, clarificar e para discutir. Para fazer estas coisas nós devemos fazer uma distinção clara entre o aspecto de interesse e todos os outros, isolando este e suas leis próprias dos outros. Por exemplo: em um tubo de ensaio só leis físicas estão sendo estudadas, e as econômicas, sociais, éticas etc. são filtradas (elas devem é claro ser examinadas uma vez nós tenhamos descoberto as leis físicas). A razão tem também uma distinção em seu centro. A razão e ciência se provaram muito poderosas, não tanto porque eles removeram o interesse pessoal da cena. Mas algumas pessoas viram nela uma salvação da religião corrupta e do feudalismo e começaram a elevá-la. Então este aspecto se tornou absolutizado, levando ao racionalismo. O todo de realidade deve então ser sujeito à e à Razão e Ciência; se não, não é nenhuma realidade. Desde que fatores humanos pessoais são removidos, a realidade é vista através de óculos de racionalismo se torna despersonalizada e dura. Toda verdade é racional na natureza.

A absolutização do aspecto formativo (Dooyeweerd nesse ponto chama o aspecto de Histórico ou Cultural) dá a nós os vários tipos de historicismo, do qual construtivismo é uma manifestação. O historicismo pode ser visto como uma antítese do racionalismo despersonalizado; ele enfatiza a criatividade humana e a construção. Não existe nenhuma verdade; toda verdade é construída.

Mas outros aspectos também podem ser elevados ou absolutizados.

 

Leis modais

 

 

Cada modalidade é governada por seu próprio conjunto de leis, sua própria ordem. Deste modo nós temos as leis do aspecto quantitativo, que constituem boa parte (não tudo) da matemática. Nós temos leis do aspecto físico, que são físicas e químicas. As leis do aspecto analítico incluem aqueles que nos habilitam a fazer distinções e raciocinar. As leis do aspecto linguístico são aquelas da boa comunicação.

Nota: a ênfase no Lado de Lei do cosmo explica o bastante desajeitado nome ‘Cosmonômica’ que foi dado a este sistema de filosofia. De fato, a lei é vista como o limite entre Deus e o Cosmos.

 

Descrições Aspectuais

 

 

Cada cultura humana tem conceitos distintos, focaliza os aspectos que acha importante e desenvolve vocabulários e linguagens para eles; quanto mais importante é o aspecto, mais rico é esse ‘vocabulário’ (com algumas culturas sendo multi-aspectuais). Assim cada aspecto pode nos fornecer um modo distinto de descrever uma entidade ou situação. Por exemplo, eu posso ser descrito bioticamente como um corpo com funções vitais, psico-sensitivamente como um processador de informações, analiticamente como um raciocinador, formativamente como orientado para um propósito, juridicamente em termos de direitos e responsabilidades, eticamente como alguém que precisa amar e ser amado, e assim por diante, até um total de quinze tipos possíveis de descrição da entidade. Cada descrição pode fazer sentido de forma completa e independente, sem qualquer necessidade de se reportar a outras.

 

Paradoxo e Antinomia

 

 

Porque os aspectos são irredutíveis um ao outro, assuntos e conceitos de um aspecto não podem ser descritos significativamente do ponto de vista de outro aspecto. Tentar fazer isso leva freqüentemente ao paradoxo. Reciprocamente, quando nós encontrarmos um paradoxo, isso é uma indicação clara de que nós estamos tentando falar em termos do aspecto errado. Por exemplo: “o investimento em tecnologia de informações continuamente aumenta, mas o retorno real destes investimentos permanece baixo.” A declaração anterior foi feita em conceitos e terminologia do aspecto econômico, e parece ser um paradoxo. Mas se nós pensarmos sobre o “investimento” como um compromisso pístico à Tecnologia da Informação, o paradoxo desaparece. Para um exemplo no qual nós analisamos cinco paradoxos deste modo, veja minha carta a Leslie Willcocks.

A antinomia é até mais profunda que o paradoxo, uma coisa que nem mesmo pode ser explicada pelo pensamento teórico. Dooyeweerd estava particularmente interessado na antinomia, e sustentou que este seria um meio de distinguir os aspectos uns dos outros, e determinar se um aspecto ‘candidato’ é um aspecto verdadeiro ou não. A antinomia surge quando nós conflacionamos dois aspectos, isto é tentamos fundi-los. O exemplo famoso é a história da Lebre e da Tartaruga.

 

Ontologia Irredutível

 

 

As leis destas quinze modalidades são irredutíveis uma à outra. Isto é, o núcleo e as leis de uma modalidade não podem ser completamente explicados em termos daqueles de outras modalidades; deste modo a aproximação multi-modal não é reducionista. Dooyeweerd chama isso de ‘soberania de esfera ‘. As leis de uma modalidade não são propriedades emergentes, e em particular não são ‘socialmente construídas ‘ (embora o conhecimento dessas leis o possa ser). Isso dá à abordagem multi-aspectual, no campo dos Sistemas de Informação, um sabor completamente diferente daquelas abordagens interpretivistas como as de Hirscheim e Klein (1989), Vickers (1983), embora ela concorde com eles em que a interpretação e a construção humana são fatores reais e importantes.

 

Dependência Inter-Aspectual

 

 

Porém, os aspectos não são um conjunto mas uma lista: existe uma ordem definida entre eles. As leis dos aspectos mais posteriores dependem de, e fazem uso das leis dos aspectos anteriores. Por exemplo, leis físicas exigem e pressupõem leis espaciais. Leis bióticas pressupõem as leis físicas. E assim por diante. É parte de gênio de Dooyeweerd a descoberta desta ordenação e dependência.

 

Analogia inter-aspectual

 

 

Há um outro tipo de relação entre os aspectos: a analogia. Cada aspecto traz dentro de si ecos de todos o outros. Por exemplo, o sentimento é próprio do aspecto sensível, mas alguém pode ter um sentimento de justiça, um sentimento de amor, um sentimento pela correção lógica, e assim por diante. Igualmente, a causalidade é própria do aspecto físico, mas nós encontramos ecos dela em outros aspectos, como os vínculos lógicos ou o ato de retribuição em casos de justiça ou injustiça.

É esta relação analógica que faz metáfora possível. Nossa habilidade de ver semelhanças e comunicá-las não é devida meramente ao emparelhamento forçado de certo padrão indefinido a um algoritmo prévio do cérebro; antes a atividade de tal algoritmo (caso ele seja mesmo um algoritmo) apóia-se em e pressupõe essa relação analógica entre os aspectos.

As relações analógicas podem acontecer tanto para aspectos mais posteriores como para os mais anteriores, e são chamadas ‘retrocipações ‘ e ‘antecipações ‘. Por exemplo, o tema da conotação social em pragmática lingüística antecipa o aspecto social.

 

Normatividade e Determinatividade

 

 

No entanto as leis não são todas do mesmo tipo. Aquelas dos aspectos anteriores (numéricos, espaciais, etc.) são principalmente determinativas em natureza, mas aquelas de aspectos mais posteriores são largamente normativas. Existe uma progressão de determinativas até leis normativas como nós movemos para as modalidades mais velhas (ético, credal).

As leis normativas podem ser transgredidas; nós podemos decidir ser rudes para com as pessoas ou falar tolices, ou recusar a justiça. Mas elas não podem nunca ser postas de lado. Isto é, elas sempre valem, ainda que nós as ignoremos ou as rejeitemos; e os resultados se seguirão. Essa é a base de abordagem de Dooyeweerd ao sucesso e fracasso.

Temos uma página onde discutimos a normatividade com mais detalhes.

Voltemos às entidades: a função das entidades em e através dos aspectos/modalidades. Por exemplo, enquanto estou escrevendo este texto eu estou funcionando:

linguisticamente, mas também:

 

analiticamente, tentando decidir o que dizer e o que omitir,

 

formativamente, formando o texto,

 

socialmente, tentando ser cortês em lugar de rude em minha escrita,

 

economicamente, tentando (malogradamente?) para evitar a prolixidade,

 

juridicamente, tentando dar a você o que é devido em uma comunicação deste tipo,

 

e assim por diante.

 

 

Eu estou funcionando também:

bioticamente, em minhas funções vitais que operam à medida que eu escrevo,

 

fisicamente, pressionando as teclas,

 

e espacialmente, posicionando-me próximo ao computador.

 

 

A proposta de Dooyeweerd sobre entidades é de que em tudo o que nós fazemos na vida real nós funcionamos através de todos os aspectos do Lado-de Lei da realidade. Kalsbeek (1975) mostrou como exemplo que um vôo espacial tripulado envolve todos os aspectos.

Clouser (1992) esboçou três tipos de funcionamento – comum (pré- teorético ou ‘ingênuo’), baixa abstração, e alta abstração. A última é central para a ciência.

Para uma explicação desse ponto e uma discussão mais profunda desses assuntos, veja a página sobre “Funcionamento”.

Nós funcionamos tanto como sujeito ou como objeto em cada aspecto. Isto é, eu posso empurrar algo (atuando como sujeito no aspecto físico) ou ser empurrado (como um objeto no aspecto físico). Eu posso fazer um orçamento (sujeito no aspecto econômico) e eu posso ser parte de um orçamento (objeto no aspecto econômico).

 

Mais sobre a Relação Sujeito-Objeto

 

 

A relação sujeito-objeto é muito importante no pensamento de Dooyeweerd, e assume um sabor incomum por ser arraigado no Lado de Lei em lugar de meramente no Lado de Entidade.

Isso coloca juntos os três significados aparentemente separados na língua portuguesa do termo ‘sujeito’:

Sujeito-1, como sujeito a certas leis, condições ou autoridade,

 

Sujeito-2, como o agente de um verbo em uma oração,

 

Subjetivo, como pessoal, privado, arbitrário.

 

 

No esquema de Dooyeweerd, eles se fundem. O sujeito-1 é o conceito fundamental: Eu, uma entidade, sou sujeito às leis dos aspectos. Mas, diferentemente do pensamento Ocidental, em que leis e condições são vistas como constrangendo nossa liberdade, no esquema de Dooyeweerd, as leis nos habilitam para funcionar. Então, quando eu sou sujeito às leis físicas eu posso agir como sujeito físico-2; Eu posso empurrar. Deste modo o funcionamento como sujeito-2 em um aspecto é tornado possível sendo sujeito-1 para suas leis. Agora, dado que em aspectos posteriores algumas das leis são normativas em lugar de determinativas, se eu funciono como sujeito-2 em um aspecto, sendo sujeito-1 para as leis daquele aspecto, e aquele aspecto é normativo, então minha resposta àquelas leis é pessoal, única para mim mesmo. Isto é, nós podemos chamar isto uma resposta subjetiva. Assim, para resumir:

leis aspectuais habilitam em lugar de constranger.

 

Ser sujeito-1 para determinadas leis aspectuais torna possível funcionar como sujeito-2. Ao fazer assim eu respondo àquelas aquelas leis.

 

Em aspectos normativos, minha resposta não é determinada mas é pessoal para mim; conseqüentemente é subjetiva.

 

 

Nós retornaremos à relação sujeito-objeto mais tarde, quando nós discutirmos as diferenças entre realismo e nominalismo.

 

Reinos de Entidades

 

 

Algumas entidades podem funcionar como sujeitos somente em algum dos aspectos anteriores. Por exemplo, uma ovelha pode ser um sujeito biótico, mas somente pode ser objeto no aspecto econômico. O aspecto mais posterior em que uma entidade pode funcionar como sujeito é útil para classificar entidades em quatro reino principais: inertes, plantas, animais, humanos – embora os limites sejam provavelmente incertos.

 

Tudo é Interconectado

 

 

O pensamento Ocidental tradicional, baseado em idéias gregas, enfatiza a entidade, como independente em sua existência. Já o pensamento Oriental nega a entidade, buscando ver tudo como uma gota em um oceano, sem qualquer existência separada. Dooyeweerd enfatiza os relacionamentos e as interconexões. Ele reconhece (alguns tipos de) entidades como seres separados, mas enfatiza sua dependência em lugar de sua independência.

Pensamento Ocidental

Entidades independentes

Competição

 

Pensamento Oriental

Negação de entidades

Inatividade

 

Pensamento de Dooyeweerd

Entidades em relação

Ação Responsável

 

 

A dependência última está em Deus, o Criador que é também Amante e Redentor, e isto é fundamental. Esse Divino é tão fundamental que Ele o inscreveu no tecido de sua Criação em termos de inter-dependência ou, como muitos agora chamam isto, de interconectividade. Nós todos estamos presos dentro da rede de Significado que são os aspectos modais em que funcionamos. Nós não somente existimos; nós nos relacionamos.

Existem dois tipos de relação. Existe o tipo que nós formamos por nossa própria vontade – por exemplo; eu estou me comunicando com você enquanto você lê isto – mas estes relacionamentos são passageiros e contingentes. Existe ainda o tipo de relacionamento que é necessário, necessário para a existência inteira e completa – por exemplo, um caracol e sua concha; nem um é completo sem o outro.

Dooyeweerd estava intensamente interessado nos tipos de relação necessária. Por exemplo, existem as relações sujeito-objeto que nós discutimos, e existem relações parte-todo (meu braço é parte de mim). Mas existe também um terceiro tipo que parece ser especial para o pensamento Dooyeweerdiano: a enkapsis.

 

Relações Enkápticas

 

 

Considere uma estátua feita a partir de um bloco de mármore, e pondere as perguntas seguintes: Desde que o escultor começa a esculpir o mármore, em que ponto o objeto cessa de ser um bloco de mármore e se torna uma estátua? Se a estátua final é tanto o mármore como a estátua, qual é a relação entre o mármore e a estátua? – não parece totalmente correto dizer que o mármore é parte da estátua.

A teoria de Dooyeweerd, especialmente o de modalidade principal, permite que nós pensemos no mármore e na estátua como duas coisas distintas, mas necessaria e intimamente ligadas pela enkapse. O mármore é ainda mármore, qualificado pelo aspecto físico; a estátua é estátua, qualificada pelo aspecto estético. Duas estruturas de individualidade distintas, mas com uma relação enkáptica entre eles. ‘Enkapse’ era um termo que Dooyeweerd tirou de um biólogo suíço e modificou ligeiramente. Dooyeweerd discute vários tipos de enkapse:

Enkapse Fundamental (mármore – estátua)

 

Enkapse Sujeito-Objeto (caracol – concha)

 

Enkapse Simbiótica ( trevo – bactéria fixadora de nitrogênio)

 

Enkapse Correlativa (comunidade – pessoa)

 

Enkapse Territorial (cidade – sua universidade)

 

 

Para alguns as relações acima poderiam parecer relações parte-todo, mas Dooyeweerd destaca que essas relações ocorrem quando a parte não tem nenhum significado separadamente de seu inteiro (como com meu braço), enquanto nas relações enkápticas existe um grau de independência significante. Em tecnologia de informações o computador e seu programa tem uma relação enkáptica – realmente, mais de uma.

A idéia de enkapse é tão estranha para o pensamento normal que pode ser difícil a princípio ver seu significado, mas ele é umas idéias que ‘crescem em você ‘, e eventualmente você fica pensando em como pôde alguma vez trabalhar sem isto.

Uma boa explicação da enkapse pode ser achada em capítulos 35-37 do livro de Kalsbeek.

 

A Ciência e o Desenvolvimento do Pensamento

 

 

A Abertura Modal

 

 

Cada modalidade tem um potencial que deve ser ‘aberto ‘ pela exploração humana das ordens modais. Em sociedades primitivas, por exemplo, tais modalidades como as legais estão ainda fechadas e deste modo existem ainda de uma forma indiferenciada. Um exemplo do processo de abertura pode ser visto nas modalidades física e biótica durante a atividade científica ds últimos séculos. O desenvolvimento dos Sistemas de Informação parece ser um outro caminho de abertura.

 

A ciência e o funcionamento comum

 

 

Um de interesses de Dooyeweerd era a relação entre o pensamento teorético e o pensamento e funcionamento comum, ‘pré-teorético’. Uma importante contribuição sua foi mostrar como os dois cooperam, reunindo assim dois mil anos de separação. Baseando-se em Dooyeweerd, Clouser (1991) faz uma distinção entre três tipos de funcionamento humano. Na vida diária nós funcionamos em todas as modalidades, sem pensar sobre elas explicitamente (aqui há ligações com o conhecimento tácito como discutido por Polanyi, 1967). Às vezes, porém, nós focamos nossa atenção em uma modalidade única de nosso funcionamento, como a física da bola que nós estamos lançando; Clouser denomina isto baixa abstração. Quanto à atividade científica, ele a denomina alta abstração. Na alta abstração nós não só focamos uma modalidade única mas isolamos essa modalidade de todas as outras para que possamos estudá-la e descobrir suas leis. Assim, cada modalidade tem sua própria ciência e metodologia.

Temos uma discussão sobre ciência que faz referência particular ao trabalho de Thomas Kuhn.

 

Pesquisa sobre Aplicações Práticas

 

 

Tem sido freqüentemente assumido que a pesquisa em sistemas de informação tem como fim o aperfeiçoamento tecnológico, e que questões de aplicação são meras ‘praticalidades’. Foram realizadas pesquisas sobre metodologias de desenvolvimento, e sobre aspectos psicológicos e sociológico do uso, mas pouca pesquisa sobre a aplicação como tal, em toda sua riqueza. Assim aqueles envolvidos com a aplicação prática mas com pouca orientação que seja baseada em boas teorias de bons pesquisadores – e seus fundos de pesquisa cuidadosamente reconsiderados! – não vêem temas de aplicação prática como dignos de pesquisa. Esta é uma situação infeliz. A crítica de Dooyeweerd capacita-nos a atribuir valor real à pesquisa de aplicações, mas adverte que ela é de um tipo diferente: multi-modal, empregando no máximo a baixa abstração, em lugar de uni-modal. Isto confirma teoricamente o que está sendo visto na prática: essa pesquisa da ação concreta é um método de pesquisa válido.

 

Ligando o Desenvolvimento à Aplicação

 

 

Ao ver o trabalho científico como o isolamento de uma modalidade, nós começamos a entender mais claramente a relação entre a tecnologia e sua aplicação. A exploração e definição de uma certa tecnologia – como a tecnologia da informação – depende do isolamento de uma modalidade: o funcionamento uni-modal. Já o uso de um artefato tecnológico, como um Sistema de Informação específico por exemplo, é uma atividade comum e deste modo depende de um funcionamento multi-modal. E é o desenvolvimento do artefato (o sistema de informação) que liga os dois. Assim, o desenvolvimento e o uso não são vistos como processos essencialmente separados, mas como ligados ao longo do conjunto de modalidades.

Tristemente, o desenvolvimento de sistemas de informação vem sendo visto como uma atividade fundamentalmente técnica; deste modo os projetistas tendem a isolar uma modalidade única (deliberadamente ou não), e o resultado é algo totalmente centrado na tecnologia. Mas se o Sistema de Informação é projetado para o uso, o desenvolvimento deve ser multi-modal.

 

A Vida Bem sucedida

 

 

Todo funcionamento humano (e o de todas as coisas) é guiado por leis aspectuais, algumas das quais são normativas. Isso significa que nós temos liberdade para ser contrários àquelas leis – mas nunca para pô-las de lado. Todo o nosso funcionamento tem seus resultados. A proposta de Dooyeweerd, baseada na valorização do Lado de Lei, é que se nosso funcionamento é alinhado com as leis aspectuais, o resultado será uma vida saudável, rica, sustentável, mas se nós formos contrários às leis aspectuais, nossas vidas serão doentes e insustentáveis (esta diferença está na essência da palavra hebraica shalom).

Note que os resultados de nosso funcionamento – com ou contra as leis, shalomico ou doente – não afetam somente nós, individualmente, mas também outras entidades ao redor nós. O efeito pode não ser imediato; de fato parece que quanto mais posterior é o aspecto na escala, mais distante está o efeito. Por exemplo, o Comunismo é um declaração pística sobre a natureza das coisas, a humanidade como um todo levou quase um século para reconhecer seus efeitos prejudiciais: só depois de um século podemos dizer em base em experiências que o Comunismo é contrário às leis do aspecto pístico.

Um importante caminho no qual uma cultura (ou um gerente de alguma coisa ou até cada um de nós) atua contrariamente a um aspecto é ignorando o aspecto inteiro – simplesmente omitindo-o. Seja não compreendendo sua importância, ou semi-deliberadamente negando sua importância (“Oh, isso é para pés-de-chinelo!”), ou elevando um outro aspecto. O aspecto ignorado continua valendo, porém, e problemas eventualmente emergem da sua omisão. Isto será discutido um pouco mais detalhadamente abaixo.

Esta visão de sucesso, “shalom”, ou saúde, é uma parte da abordagem de Dooyeweerd para o sucesso e o fracasso aplicável à tecnologia de informações. Também à sustentabilidade ambiental. Veja Lombardi e Basden (1997). É particularmente útil quando lidamos com uma situação interdisciplinar, como as duas citadas acima.

 

Necessidade modal

 

 

Uma doutrina chave da abordagem de Dooyeweerd à shalom é a necessidade modal. A necessidade modal é um corolário da irredutibilidade entre as leis de aspectos diferentes. Se as leis do aspecto social, por exemplo, são reduzidas às do aspecto físico, então não haveria necessidade para as primeiras serem explicitamente declaradas. Elas poderiam ser derivadas das posteriores quando fossem necessárias. Mas desde que as leis do aspecto social não são deriváveis daquelas do aspecto físico, se nós atentarmos somente para as leis do aspecto físico iremos transgredir as leis do aspecto social (embora inconscientemente), e deste modo nosso empreendimento será desastroso (um argumento similar se aplica a qualquer par de aspectos).

Assim, uma proposição importante da abordagem multi-modal é que se qualquer modalidade é ignorada durante qualquer funcionamento (por exemplo o desenvolvimento e uso de um sistema; como o planejamento de uso da terra e a subsequente ocupação) então a sustentabilidade e sucesso do sistema será arriscado, seja porque o projeto é arquivado antes do que deveria ou porque ele conduz a efeitos danosos imprevistos. Como de Raadt e outros assinalaram, o projeto de sistemas é um processo contínuo, sem um ponto final fixo, porque o uso de um sistema alimenta seu próprio desenvolvimento contínuo.

As leis de uma modalidade não são propriedades de emergentes, e em particular não são ‘socialmente construídas’ (embora o conhecimento sobre suas leis possa ser). Isto dá à aproximação multi-modal ao desenvolvimento de sistemas um sabor completamente diferente de outras como a “Soft Sistems Methodology” de Checkland (1981) e a “MultiView Methodology” de Avison e Wood-Harper (1990).

 

Levando tudo em Consideração

 

 

Um corolário disto é que os aspectos (modalidades) são apresentados como uma ontologia suficiente e necessária para guiar o desenvolvimento de sistemas. Isto é, uma declaração corajosa é feita: estas modalidades, se corretamente entendidas, são as únicas que precisam ser consideradas quando predizemos, planejamos, avaliamos os benefícios, etc. de um sistema. Como nós discutiremos abaixo, isso nos dá uma lista muito útil (e muito rica) para usar ao longo de projetos, desenvolvimento e aplicações.

(Agora, esta declaração corajosa deve ser qualificada. Não se pensa que o retrato aqui apresentado é final. As modalidades precisam ser exploradas, e pode acontecer, depois do estudo e consideração necessária, de se chegar a dezessete ou vinte e cinco modalidades em lugar de quinze. Mas o número provavelmente não deve ser muito diferente de quinze. Até que o estudo apropriado seja realizado, os quinze propostos por Dooyeweerd parecem pelo menos ser um bom ponto de partida.)

 

O Uso de Dooyeweerd por De Raadt para o Projeto de Sistemas de Informação

 

 

O Prof. Donald de Raadt (Universidade de Luleå, Suécia) aplicou as idéias de Dooyeweerd para o projeto de sistemas de informação. Algumas das idéias do de Raadt divergem daquelas de Dooyeweerd, mas elas ilustram uma forma de aplicação das idéias de Dooyeweerd.

 

O Projeto de Sistemas como Transdução

 

 

Uma terceira reivindicação da abordagem multi-modal é que enquanto as modalidades são irredutíveis uma à outra, elas são também fundamentalmente inter-relacionadas. Dooyeweerd chama isto ‘universalidade das esferas’. Existe uma correspondência entre as ordens de modalidades diferentes (esferas), e isso permite a uma modalidade ser usada como uma representação metafórica de outra.

De Raadt vê isto em termos de um homomorfismo entre as modalidades, formando relações circulares entre elas. Sociedades industrializadas, segundo ele, tem desconsiderado os vínculos circulares entre problemas sociais e sistemas econômicos e tecnológicos. Tal homomorfismo torna possível uma transdução de certa ordem de uma modalidade para outra. Deste modo, por exemplo, um sistema de informações médicas é o resultado da transdução de uma ordem própria da modalidade biótica para a modalidade informatória (linguística).

 

Libertando-se da Dicotomia Ordem-Desordem

 

 

Um dos principais ataques da crítica Dooyeweerdiana do pensamento teórico se dirige contra o fato dele ter se baseado em falsas dicotomias, em “ground-motives” dualísticos. Essas dicotomias forçam os pensadores a entrar em mecanismos dialéticos ao gerar suas visões de mundo. Uma antiga variante dessas dicotomias é o motivo ordem/desordem (ou caos e liberdade). De Raadt aplica isso ao projeto de sistemas de informação, sugerindo que a abordagem evolucionária do desenvolvimento de sistemas, de Dell e Goolishian (1981), está ligada ao pólo da ordem, enquanto que a abordagem de engenharia, que assume que a criatividade está completamente sob o controle do projetista individual, está ligada ao pólo da desordem (note que nós estamos falando aqui sobre a ordem que é imposta à equipe de projetos, em lugar de imposta por ela). Depois de notar o fato paradoxal de que ambas as abordagens tendem à tirania, e afirmando com Dooyeweerd que a ordem/desordem é uma falsa dicotomia, De Raadt sugere que “A abordagem multi-modal … pode nos permitir para aumentar ordem que produz progresso humano em lugar de opressão. Oferece também a oportunidade de introduzir tecnologia de uma forma culta e humanitária, de uma forma que não nos conduza à servidão tecnológica por um lado ou a um anarquismo “Luddita” (alguém que se opôe ao avanço tecnológico; termo aplicado no século 19 a trabalhadores que destruíam máquinas nas fábricas na inglaterra – nota do tradutor) por outro.” De Raadt funda a aparentemente utópica reivindicação acima no requisito que o processo de transdução de ordens entre modalidades assegurará que “não só uma, mas todas as modalidades da vida humana … estejam presente no projeto.” Veja “Levando Tudo em Consideração”, acima.

 

Qualificando as Modalidades

 

 

Nem todos os sistemas funcionam da mesma maneira em todas as modalidades. Alguns sistemas naturais são limitados, de forma que eles funcionam como sujeitos só em algumas modalidades (por exemplo, plantas podem funcionar como sujeitos nas modalidades física e biótica, mas apenas como objetos nas modalidades econômica ou jurídica). Adicionalmente, um sistema projetado normalmente tem uma modalidade que o qualifica, que, como de Raadt diz, confere ao sistema sua missão última, caráter e singularidade. Ele confusamente chama esta modalidade a ‘esfera de soberania’ do sistema (algo diferente do conceito Dooyeweerdiano de ‘soberania de esfera’). Um banco é qualificado pela modalidade econômica, e um hospital pela biótica. A modalidade qualificativa fornece as leis que são a autoridade principal para aquele sistema, e que definem seus direitos e deveres.

 

O Sistema de Informação em Contexto

 

 

Quando tecnologia de informações é empregada existe tensão entre integração e continuidade, por um lado, e expansão da missão do sistema por outro. Porém a abordagem de Dooyeweerd pode manter ambos os lados em um equilíbrio apropriado.

 

Integração de sistema e continuidade

 

 

Porque todos os sistemas compartilham o mesmo conjunto de modalidades, nós temos tanto a esperança como a necessidade de realizar a integração quando um novo sistema é introduzido. Isto envolve não somente a integração técnica mas em todas as modalidades em que o sistema opera. Pode haver conseqüentemente alguma esperança de continuidade quando um novo sistema é introduzido na situação de trabalho.

 

Expansão da missão do sistema

 

 

Porém, a introdução de um sistema em um contexto de trabalho pode mudar o contexto. Deste modo por exemplo, um sistema de informações médicas poderia levar a mudar práticas médicas, que por sua vez levam ao desenvolvimento adicional do sistema, como tem sido discutido por Carroll (1990) no que ele chamou de “ciclo de tarefa-artefato”. Tal expansão pode ser inovadora bem como interativa, porque a transdução de uma modalidade em outra (ver analogia) pode estimular novas idéias.

 

Idéias Dooyeweerdianas como Integração

 

 

Realismo

 

 

O realismo filosófico tradicional enfatiza o conhecido, o objeto sofredor da ação, dando pouca atenção ao conhecedor, o sujeito da ação. Em versões extremas (como na ciência positivista) a relevância do sujeito (por exemplo o pesquisador como pessoa) é completamente negada, partindo-se apenas do objeto. Acredita-se, então, que as leis devam ser determinísticas em lugar de normativas. Isto sempre conduz a um estreitamento, tanto do enfoque na investigação científica como da ação resultante dentro das arenas pessoal, econômica ou política, freqüentemente caindo em um reducionismo. Alguns dos mais óbvios reducionismos tem sido reconhecidos amplamente – a investigação científica tem sido reduzida ao materialismo e ao racionalismo, enquanto ação tem sido freqüentemente reduzida a questões técnicas ou financeiras.

Abordagens de qualquer coisa na vida (por exemplo do planejamento urbano) que são baseadas em filosofias realistas trazem o perigo do reducionismo, ao ignorar aspectos importantes. Um aspecto pode não estar sendo apresentado como absoluto, mas a abordagem como um todo estar desequilibrada, dando demasiada ênfase a um aspecto em detrimento dos outros. Essa postura ameaça a sustentabilidade do ambiente ou sistema com o qual nós estamos lidando.

Na Inglaterra industrial do século XIX, por exemplo, a ênfase estava muitas vezes na provisão de moradia física para a mão-de-obra humana das fábricas, em suas redondezas. Questões biológicas como a saúde ou estéticas como beleza eram raramente consideradas, resultando em cortiços que vieram a ser derrubados depois da Segunda Guerra Mundial. Ao planejar sua substituição, espaços abertos, limpeza e linhas esteticamente limpas foram enfatizadas, enquanto assuntos sociais e de mobilidade, por exemplo, foram ignoradas, resultando em esquemas desumanizantes caros e com problemas de manutenção. Estes esquemas estão agora sendo substituídos, o que dá eles uma vida até mais curta que os cortiços que eles substituíram. Isso sugere que eles eram menos sustentáveis. Tratando-se de planejamento urbano, o desequilíbrio em certa cultura depende do que se pensa naquele momento sobre a natureza do objeto, no caso o ambiente construído.

Outro problema com o planejamento baseado na filosofia de realista é que, em razão de o sujeito ser desconsiderado, os efeitos da ação e o conhecimento dos sujeitos são freqüentemente ignorados. Um ótimo e óbvio exemplo disso é o sistema rodoviário, no qual os objetos são o sistema de transporte e os volumes transportados, enquanto os sujeitos são os que dirigem e os que planejam as viagens. Até recentemente os efeitos do sujeito no tráfego gerado pelo sistema eram ignorados e até mesmo negados.

 

Nominalismo

 

 

A abordagem oposta, no binômio sujeito-objeto, é a baseada em filosofias nominalistas, das quais o existencialismo é uma forma extrema e, em Sistemas de Informação, o construtivismo é uma versão comum. Nessas abordagens o objeto é negado, partindo-se apenas do sujeito cognoscente e agente (mesmo essa aproximação diferente continua negando o lado de lei.). Essa abordagem pervade a pós-modernidade (Lyon, 1995) e, em círculos científicos, os paradigmas construcionistas e interpretivistas. O nominalismo reivindica a capacidade de evitar os perigos do reducionismo reconhecendo as visões e desejos de todos. Embora tenha algum sucesso com tal solução, carrega três problemas: Primeiro, nenhum ponto de referência externo é reconhecido ou mesmo permitido, não existindo assim nenhuma certeza de que planejando de acordo com estes desejos subjetivos chegaríamos de fato a uma situação de bem-estar ou sustentabilidade. Segundo, quando desejos e visões das pessoas ou grupos diferentes parecem incompatíveis, não há nenhum padrão por que chegar em consenso. Terceiro, existe o perigo real de que os que gritam mais alto sejam ouvidos, enquanto grupos menos articulados, e aqueles que não podem defender seus direitos, como animais ou crianças mais jovens, tendam a ser ignorados – a menos que sua causa seja sustentada por outros.

Assim, embora menos reducionistas que as abordagens baseadas no realismo, as abordagens nominalistas não trazem ainda nenhuma garantia de sustentabilidade. Não existe nem mesmo uma garantia de que a sustentabilidade será maior do que com abordagens baseadas em filosofias realistas. As abordagens de matiz nominalista tornam a integração e a inter-comunicação difícil.

 

Integrando Sujeito e Objeto

 

 

A abordagem filosófica de Dooyeweerd (1953) foi desenvolvida de um ponto de partida radicalmente diferente, que questiona até as suposições feitas pelos gregos sobre existência e significado. Uma de suas reivindicações é a integração sujeito-objeto. Diferentemente das aproximações nominalistas, Dooyeweerd reconheceu uma realidade externa que é independente da ação e do conhecimento do sujeito. Por causa disto, Dooyeweerd achou originalmente que ele mesmo um realista, mas mais tarde ele se distanciou do realismo (Henderson, 1994). Isto aconteceu porque ele viu claramente que nós, sujeitos agentes e cognoscentes, somos parte da realidade externa; ela é independente de nós mas nunca separada de nós. Nós somos afetados por ela mas também a afetamos e temos visões e desejos em relação a ela.

Nós ficamos preocupados com a sustentabilidade cada vez em que se torna claro que ela está ameaçada. Trabalhando mais de cinqüenta anos atrás, Dooyeweerd não usou esse termo, mas se referiu à ‘saúde ‘ ou bom funcionamento de um sistema e deu isto um significado de longo prazo. Sua reivindicação é que tal ‘saúde’ ou sustentabilidade só pode ser alcançada se nós compreendermos a natureza e, ele diria, o significado das leis que governam a nós e à toda a realidade externa. A filosofia realista leva seus aderentes a reduzir todos os tipos de leis a um único tipo, como as leis de física, da lógica, ou da biologia evolutiva, etc. filosofia nominalista leva seus aderentes à negação de todas as leis. Dooyeweerd buscou escapar de ambos os perigos.

 

Pressuposições

 

 

Os problemas do o realismo e do nominalismo são muito profundos, encontrando-se em suas pressuposições filosóficas subjacentes (suposições). Existe pouca esperança de que eles possam ser melhorados bastando-se uma boa afinação (tunning). Embora profundas, e não imediatamente óbvias, as pressuposições filosóficas, sempre se revelam com o tempo. Assim, se nós pretendemos buscar uma abordagem bem fundamentada para os Sistemas de Informação, ou para sustentabilidade dos ambientes construídos, ela deverá se basear em suposições filosóficas diferentes, especialmente quanto à relação entre sujeito e objeto.

De fato, Dooyeweerd leva o assunto um passo além, reivindicando que o que parece a princípio ser um conjunto de pressuposições filosóficas pode envolver pressuposições religiosas.

 

Pressuposições religiosas

 

 

Um elemento chave do pensamento de Dooyeweerd é o de que nenhuma esfera da vida é ‘neutra’. Em particular, a ciência e pensamento lógico não são neutros – um fato que nós reconhecemos prontamente hoje mas que não era concebido pela maioria das pessoas quando Dooyeweerd estava ainda em atividade. Esta não-neutralidade não foi somente reivindicada mas demonstrada por Dooyeweerd – a partir da demonstração de que a pessoa humana sempre tem pressuposições religiosas. ‘Religioso’ aqui não tem a ver com cerimônias e credos, mas antes com a nossa visão do que é auto-dependente (isto é claramente explicado por Clouser, 1992). De acordo com Dooyeweerd, tudo é dependente do Deus Vivo, que sozinho é auto-dependente. Mesmo as leis da aritmética e da lógica dependem dele (que é por que, talvez, o debate entre cristãos dizendo por um lado que Deus é três, e os judeus e muçulmanos dizendo que Deus é um, pode estar um pouco desencaminhado). Ele é o desenhista e criador de todas as leis e não está sujeito a nenhuma delas – ainda que elas reflitam verdadeiramente o seu caráter.

 

Motivos-Base

 

 

Isso significa que os Motivos-Base que foram mencionados no princípio são essencialmente religiosos em sua natureza. Eles refletem o que nós acreditamos de mais fundamentalmente sobre a natureza de realidade, incluindo Deus. Isso acontece de um modo que, enquanto nem todo mundo sustenta um dado motivo-base pessoalmente, certos motivos prevalecem em períodos da história e guiam a direção de pensamento teórico. Dooyeweerd sugere que existiram quatro motivos-base durante os últimos 2,500 anos.

Matéria-Forma (grego)

 

Criação, Queda, Redenção (hebreu)

 

Natureza-Graça (Católico Romano Medieval; Escolástico)

 

Determinismo-Liberdade (Moderno; Renascimento/Iluminismo)

 

 

Todos menos o segundo são dualísticos em natureza, e desse modo resultam na divisão da realidade temporal em dois, e assim em sua conseqüente desintegração.

O motivo natureza-graça surgiu de uma tentativa de fundir os dois primeiros, e isto levou a toda sorte de opressões e distorções. que eventualmente, por sua vez, conduziram as pessoas intelectuais à uma de duas reações: uma delas foi a Reforma, que buscou recuperar algo do motivo puro Criação-Queda-Redenção. A outra reação foi o Renascimento que, assumindo que o problema estava com a parte “divina” (Deus) da síntese, buscou para removê-la do pólo da Graça, desse modo produzindo o pólo “Liberdade” do motivo-base moderno.

(Análise de Vollenhoven da história de pensamento teórico em três fases é similar: Pré-síntese, quando os primeiros dois motivos existiam em comunidades separadas, Síntese, quando eles foram fundidos, e Anti-síntese, quando buscaram quebrar a síntese.)

Ter um motivo-base dualístico é realmente ser contrário às leis do aspecto pístico. Conseqüentemente, desde que nós não podemos pôr de lado estas leis, elas terão um efeito, e um efeito profundo e duradouro. Desde que o aspecto pístico é o último, ele é, de acordo com Hart (1984), aberto a Deus, o único que permite que o ser humano tenha contato com Deus. É também o que nos afeta mais profundamente e influencia nosso funcionamento em todos outros aspectos. Isso não quer dizer que nosso funcionamento nos outros aspectos necessariamente será contrário às leis daqueles aspectos, mas antes que ele afeta a soma total de nosso funcionamento e nossa personalidade como um todo.

Assim Dooyeweerd manteve que era importante, não só de um ponto de vista religioso, mas também do ponto de vista da vida saudável em sociedade e no ambiente, bem como do ponto de vista da ciência sã, que nós sustentemos o Motivo-Base hebreu, como visto através da revelação na Bíblia. Isto será, obviamente, inaceitável para muitos, e eles desejarão rejeitar ao menos esta reivindicação de Dooyeweerd; outros, porém, não podendo sustentar o resto do sistema de pensamento sem esta reivindicação específica, rejeitarão o sistema inteiro. Mas justamente isso fornece evidência substancial à tese de Dooyeweerd de que tudo é em última instância religioso.

Por essa razão o livro de Clouser (1992) é intitulado O Mito da Neutralidade Religiosa.

 

Uma Tentativa de Erguer um Sistema Filosófico Cristão

 

 

A motivação principal por trás do trabalho de Dooyeweerd foi a formação de uma estrutura filosófica que fosse Cristã e Bíblica, ou pelo menos que não fosse anti-cristã. Agora, com isto ele não quis dizer uma filosofia formada de frases ou doutrinas bíblicas. Nem pretendeu excluir todo outro pensamento religioso, seja secular, islâmico, hindu, ateístico, etc.

Dooyeweerd buscou conscientizar seu público de que nossas pressuposições subjacentes devem estar de acordo com o que Deus nos revelou via revelação Bíblica. Ele se incomodava com fato de que as idéias Bíblicas não pareciam ajustar-se ‘confortavelmente’ à maior parte do pensamento teórico, e também não ficava satisfeito com a explicação dada tanto por secularistas como por fundamentalistas de que a religião não tem nada a ver com este mundo de ciência, tecnologia, negócios e pensamento particular.

Um exemplo: como foi discutido acima, os gregos assumiram que o fato primário sobre uma coisa é que ela existe, e que existe em seu próprio direito. Já a revelação Bíblica diz que tudo é dependente do Deus de Criador, e que nada pode ser verdadeiramente conhecido sem referência a ele. Assim, toda tentativa de “saber” uma coisa sem ter Deus como referência está condenada ao fracasso, não importando o quão promissora ela possa parecer inicialmente. Outro exemplo: nós experimentamos o significado, e experimentamos de um modo que integra nossa experiência das coisas ao nosso redor. Até o momento ninguém explicou satisfatoriamente o significado levando em conta essa integração. Dooyeweerd acreditava que a solução seria encontrada em Deus.

Ele estava convencido de que existia uma explicação mais profunda, e deu a sua vida para descobrí-la. Primeiro ele voltou ao princípio do pensamento teórico (os gregos) e levou adiante o seu trabalho até à compilação de uma crítica cuidadosa: o Volume 1 de sua “Nova Crítica do Pensamento Teorético”. Mas ele pretendeu ser apenas ser negativo. Aceitou assim o desafio de construir uma estrutura alternativa, que não começasse já evitando Deus em princípio, e que fosse consistente. Ele buscou levar em conta a unidade e diversidade que nós experimentamos, todas as ciências e conhecimentos, bem como nossas experiências diárias. Em tudo isso seu desejo era erguer um sistema que pudesse penetrar nos debates intelectuais em seus próprios termos, mantendo ainda a relevância de Deus. Ele buscou isso para ser capaz de lidar com assuntos como: qual é a relação entre Deus e o cosmos que nós experimentamos e no qual vivemos? Os resultados deste trabalho formam os Volumes 2 e 3 de sua obra.

Eu creio que Dooyeweerd teve sucesso em lançar um fundamento ou um ponto de partida útil; entretanto, muito refinamento ainda precisa ser feito. Talvez haja uma falha crítica capaz de invalidar todo o sistema que ele produziu – mas isso nós só descobriremos mergulhando em seu pensamento explorando-o de verdade.

(Alguns cristãos são muito hostis às idéias de Dooyeweerd. Eu acredito que em sua hostilidade é baseada em parte em um engano, e em parte em um tipo pagão de fundamentalismo. Isso será discutido numa página separada).

 

Referências

 

 

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Polanyi M, (1967), The Tacit Dimension , Routledge and Kegan Paul.

Vickers G, (1983), “Human systems are different”, Harper and Row.

 

Copyright (c) Andrew Basden, 8 de maio de 1998.

Traduzido com permissão do autor por Guilherme Vilela Carvalho, 06 de Dezembro de 2003.

Comentários, perguntas e e-mails são bem-vindos, para nucleodeestudoscristãos@yahoo.com.br.

Versão em português: 06 de Dezembro de 2002.

Versão em inglês: Latest version: 8 June 1998. 24 September 1998 a bit more on neglecting aspects. 28 February 1999 altered re entity thinking and made link to new page there. 28 June 1999 link to new normativity page. 23 October 1999 links to God.cosmos.html. 24 November 1999 links to science. 7 February 2001 copyright, email. 19 September 2001 inserted Dependency heading; added anticipation and retrocipation. Started to move this summary away from I.T. Added paradox and antinomy. 28 June 2002 ‘more’ link on presupp and gm.