O método tradicional, prática de muitos cristãos ao longo dos séculos, foi construído por católicos romanos e por arminianistas. Foi, por assim dizer, derivado da teologia católica e arminianista. Como a teologia católica e a arminiana compromete as doutrinas cristãs da Escritura, assim o método apologético tradicional compromete o cristianismo a fim de conquistar os homens para a sua aceitação.
O método apologético tradicional compromete a doutrina bíblica de Deus no sentido de não distinguir claramente entre sua autoexistência e sua relação com o mundo. O método apologético tradicional compromete a doutrina bíblica de Deus e sua relação com a revelação ao homem no sentido de não insistir claramente em que o homem, como criatura e como pecador, não pode buscar a natureza de Deus fora de sua revelação.
[pullquote_left]O método tradicional, prática de muitos cristãos ao longo dos séculos, foi construído por católicos romanos e por arminianistas. Foi, por assim dizer, derivado da teologia católica e arminianista.[/pullquote_left]
O método apologético tradicional compromete a doutrina bíblica do conselho de Deus, não levando em conta que ele é a “causa” última e toda abrangente de tudo que vem a ser.
Portanto, o método apologético tradicional compromete a clareza da revelação de Deus ao homem, quer a revelação venha de maneira geral ou especial. Fatos criados não devem ser tomados como revelações claras de Deus; todos os fatos da natureza e do homem somente indicam a probabilidade de existência de um deus.
O método apologético tradicional compromete a necessidade da revelação sobrenatural em relação à revelação natural. Assim fazendo, falha em fazer justiça ao fato de que, até mesmo no paraíso, o homem tinha de interpretar a revelação natural à luz das obrigações pactuais que lhe foram impostas por Deus por meio de comunicação sobrenatural. Em consequência, o método tradicional falha em reconhecer a necessidade da revelação redentiva, sobrenatural, concomitante com a natural, depois da queda do homem.
O método apologético tradicional compromete a suficiência da revelação redentiva sobrenatural na Escritura, na medida em que permite que fatos totalmente novos, tanto para Deus quanto para os homens, apareçam na realidade.
O método apologético tradicional compromete a autoridade da Escritura não tomando isto como testemunho no sentido pleno do termo.
O método apologético tradicional compromete a doutrina bíblica da criação do homem à imagem de Deus, vendo-o como um ser “livre” ou ultimado, em vez de analógico.
O método apologético tradicional compromete a doutrina bíblica do pacto, não fazendo a ação representativa de Adão um determinativo do futuro.
O método apologético tradicional compromete a doutrina bíblica do pecado, não o considerando um rompimento ético com Deus, o qual é completo em princípio, ainda que não, na prática.
A despeito de todas essas coisas, o método apologético tradicional tem sido aplicado por teólogos reformados, e tal fato tem atravessado o caminho para o desenvolvimento de uma apologética distintamente reformada.
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Fonte: Cornelius Van Til, O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno, (Cultura Cristã, p. 68-69).