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O Segredo da Autodisciplina por Jon Bloom

LeBron James é o jogador mais dominante da NBA hoje, e alguns argumentam que ele é o melhor jogador de todos os tempos. Ele ganhou o apelido de “King James”. Seu domínio, no entanto, não resulta de seu talento de elite, dado por Deus, apenas. Ele mantém seu corpo em alto nível através de um regime de treino e dieta extremamente disciplinado e rigoroso.

Quase todos os dias de cada ano, James se submete a exercícios físicos extenuantes e rotinas rigorosamente controladas de nutrição e hidratação. Na verdade, ele gasta US $ 1,5 milhão por ano continuamente se sujeitando a coisas que a grande maioria de nós evita continuamente. Por quê?

Porque ele valoriza os troféus do campeonato da NBA, a lista crescente de conquistas pessoais, elogios e recordes (já com um quilômetro de extensão), e todos os benefícios que vêm com esses troféus e sucesso. King James exerce uma tremenda autodisciplina e aguenta uma grande quantidade de coisas desagradáveis ​​em prol do que lhe dá alegria.

James conhece o segredo da autodisciplina (consciente ou inconscientemente), um segredo que se aplica a todos nós: alegria. O segredo não é que cada exercício rigoroso de abnegação nos dá alegria. O segredo está no prêmio – o que estamos dispostos a suportar a autonegação para ter.

Poder no Prêmio

Na Bíblia, isso não é um segredo. Paulo sabe exatamente por que Lebron James gasta mais de um milhão de dólares em seu corpo:

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina;  aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado. (1 Corinthians 9:24–27)

Aqui está o ponto: atletas de elite não vivem vidas disciplinadas porque acham que vidas disciplinadas são virtuosas. Eles não são estóicos; eles são hedonistas – buscadores de prazer. Vivem vidas disciplinadas e suportam todo tipo de abnegação porque querem os prazeres do prêmio. Eles acreditam que os prazeres da “coroa de flores” (ou medalhas, troféus, anéis e registros) são prazeres superiores aos prazeres da auto-indulgência.

O Prêmio Imperecível

Note que Paulo não chama sua busca de recompensa errada. Longe disso! Paulo descaradamente afirma que a busca de uma recompensa também alimenta sua autodisciplina e deve abastecer a nossa. A única diferença – e é grande – é que a recompensa que ele perseguiu foi uma coroa “imperecível”, que ele descreve aqui:

Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo (Filipenses 3.8)

Ganhar a Cristo através do evangelho – ganhando tudo de Deus e todas as suas promessas aos filhos reconciliados por toda a eternidade e perdendo todo pecado e toda a morte e todo o inferno e todas as suas misérias acompanhantes – foi a recompensa que deu a Paulo seu foco e alimentou sua autodisciplina.

O poder para a autodisciplina não vem de admirar a autodisciplina. Não vem do desejo de sermos mais autodisciplinados. Não vem de fazer novas resoluções, planos e cronogramas para a autodisciplina (embora isso ajude quando a motivação fundamental estiver certa). Certamente não vem da aversão à nossa falta de autodisciplina e da resolução (novamente) de fazer melhor – e desta vez queremos dizer isso. O poder para a autodisciplina vem do prêmio – o que realmente queremos, a recompensa que acreditamos nos renderá o maior prazer.

Por Que Não Sou Mais Disciplinado?

Quantas vezes você já resolveu, deixou-se cair no esquecimento e se perguntou por que não é mais disciplinado? Eu fiz isso mais vezes do que eu gostaria de admitir. Qual é o nosso problema?

Bem, primeiro vamos reconhecer que somos seres complexos e numerosos fatores podem influenciar nossas capacidades de autodisciplina.Nossa genética, condicionamento, traumas passados, vários tipos de lutas pela saúde mental e muitos outros problemas nos afetam em diferentes graus. E Deus entende como eles afetam cada um de nós. Ele sabe que nem todos temos as mesmas capacidades para a autodisciplina e não nos mantém com as mesmas expectativas. O princípio de Jesus se aplica aqui: “Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.” (Lucas 12:48). Portanto, devemos ser cuidadosos ao nos avaliar em comparação com os outros, e muito cuidadosos e graciosos ao julgar os outros.

Mas esses fatores não mudam o combustível fundamental que alimenta as capacidades que temos para autodisciplina e autonegação: a alegria de uma recompensa colocada diante de nós (Hebreus 12:2).

Quando a Força de Vontade Parece Falhar

Muitas vezes, atribuímos falhas de disciplina a uma falta de força de vontade. Nós olhamos para um LeBron James e achamos que se tivéssemos apenas um pouco de sua vontade de ferro, poderíamos ficar como ele. Mas a força de vontade não é problema nosso – pelo menos não da maneira como costumamos pensar. Quando nós abortamos alguma resolução, é na verdade nossa força de vontade que está sobrepujando isto.

Nossa vontade sempre obedece aos nossos desejos – nossos desejos reais, não o que nossa fantasia quer. E nossos desejos reais são baseados em nossas crenças reais, não em nossas crenças fantasiosas.

Então, quando não podemos sustentar algum novo regime de autodisciplina, é muito provável que nossa decisão tenha sido baseada em uma recompensa de fantasia. O que normalmente acontece é que imaginamos como sentir os benefícios de alcançar algum objetivo – talvez um corpo em forma, ou ler a Bíblia em um ano, ou algum tipo de progresso na carreira, ou o fruto de mais oração intercessora ou uma economia financeira, ou uma nova ousadia no evangelismo. O que imaginamos nos parece desejável. Sentimos uma explosão de inspiração, então decidimos. Pensamos (ou queremos pensar) que nossa inspiração deriva de uma nova convicção de que a recompensa que imaginamos nos fará felizes.

Mas uma vez que experimentamos o desagrado da autonegação, a inspiração evapora e a meta não parece mais valer a pena, então desistimos dela. O que aconteceu? Nós gostamos da imaginação da recompensa, mas a recompensa em si não era real o suficiente para alimentar nossa disciplina – nós realmente não acreditamos nela. Foi uma fantasia. E quando a fantasia foi dissipada, percebemos que queríamos mais uma recompensa e nossa vontade se seguiu.

Não foi falta de força de vontade; foi uma falta de poder de recompensa.

Olhos no Prêmio

É por isso que Paulo disse: “Eu não corro sem rumo” (1 Coríntios 9:26). Como LeBron James ou os antigos olimpianos, Paulo “correu” com os olhos no prêmio que ele realmente queria – o prêmio que ele acreditava lhe renderia a maior felicidade.

Essa é a chave para a autodisciplina: nossa crença real de que os prazeres de uma recompensa valerão a negação de prazeres menores. E é isso que nutre o fruto espiritual do autocontrole em nossas vidas (Gálatas 5:23): querer as recompensas que o Espírito nos oferece mais do que as recompensas que o pecado ou o mundo nos oferecem.

Esta é realmente uma boa notícia para tropeçadores da auto-disciplina como nós! Se não estamos buscando o reino de Deus primeiro (Mateus 6:33), se o valor superior de conhecer a Cristo não está nos levando a considerar todo o resto como lixo (Filipenses 3:8), o remédio do Espírito para nosso problema é não mais esforços desalinhados e motivados pelo dever de serem mais disciplinados. Pelo contrário, o Espírito está nos convidando para um maior deleite. Ele quer que exploremos e examinemos a recompensa imperecível que Deus deseja nos dar de todo o coração e alma – para suplicar que os olhos do nosso coração sejam iluminados para vê-lo (Efésios 1:17) – sabendo que quanto mais procuramos veja, mais ele nos revelará e nos ajudará a acreditar. E quanto mais isso acontecer, mais veremos a autodisciplina, não como um trabalho penoso a ser evitado, mas como um meio para a alegria que realmente queremos.

Quando os atletas perdem a motivação, seus treinadores e treinadores os exortam a ficar de olho no prêmio. Essa é a exortação de Paulo para nós quando ele diz: “Então corra para que você possa obtê-lo” (1 Coríntios 9:24). Pois a auto-disciplina sustentada para a glória de Deus é sempre alimentada pelo desejo intenso de mais alegria em Deus.

Traduzido por Felipe Barnabé

Fonte: The Secret to Self-Discipline