Muitos cristãos verdadeiros sustentaram e sustentam as outras três visões (amilenismo, pré-milenismo e dispensacionalismo); contudo, irei defender a posição pós-milenista primariamente por causa de duas coisas sobre as quais penso a Bíblia ser muito clara:
a) A vitória da Igreja. (e.g. Mt 16.18; 28.18-20; Ef 1.20-21; Ef 2.6; Lucas 10.17-18; 1 João 3.8; 4.4; 5.4-5; Fp 4.13; 2Co 2.14; Ef 3.20; Rm 5.17,20; 8.31-32,37).
b) A interpretação preterista da Grande Tribulação. Jesus disse que a Tribulação ocorreria por volta de 70 d.C. (Mt 24.34).
A visão preterista não é essencial à defesa do pós-milenismo. Alguns pós-milenistas têm ensinado a visão historicista da Igreja. [21] Mas colocar no passado a maioria das passagens pessimistas, que falam de uma rebelião generalizada contra Deus, certamente ajuda o pós-milenista a estabelecer que o evangelho terá sucesso mundial.
O que distingue o pós-milenismo de todas as outras visões é o seu otimismo com respeito ao sucesso do evangelho na Era da Igreja. [22] Haverá paz, prosperidade e reavivamento espiritual numa escala universal? A Igreja cumprirá a Grande Comissão? As nações servirão ao Senhor Jesus? (Não todo indivíduo, mas cada nação como um todo). O evangelho prevalecerá? Sim!, diz o pós-milenista. O Espírito Santo tem esse poder. O evangelho tem esse poder. Deus está disposto. Ele prometeu, e as suas promessas não podem falhar.
A visão pós-milenista das últimas coisas começa com Gênesis. Ao primeiro Adão ordenou-se que ele governasse sobre a Terra sob Deus, mas ele perdeu esse domínio por causa do seu pecado. O Último Adão, Jesus, veio para restaurar o domínio àqueles que se submetem a Deus. Dessa forma, de acordo com o pós-milenismo, Cristo estabeleceu o seu reino em sua primeira vinda. Ele triunfou sobre Satanás, subiu ao céu à destra de Poder, acima de todo governo e autoridade nos céus e na terra, e enviou o seu Espírito a fim de equipar a sua Igreja para discipular as nações. Os incrédulos entre os judeus e o governo de Roma foram grandes empecilhos à igreja primitiva, mas Jesus destruiu Jerusalém e o Templo em 70 d.C., terminando para sempre o sistema cerimonial do Antigo Testamento. O Império Romano foi eventualmente derrotado também. Cristo continua a governar sobre as nações, avançando gradualmente o seu reino até os fins da terra. Seus inimigos são destruídos ou convertidos pelo evangelho.
O objetivo não é meramente testemunhar ou pregar a todas as nações, mas discipular todas as nações. Nem é o objetivo meramente discipular indivíduos dentro das nações. As “nações” (grego: ethnos – Mt 28.19) refere-se à cultura inteira. Ela começa com o coração dos indivíduos, mas abrange tudo da vida: sistemas econômicos, estruturas familiares e estruturas políticas. Cultura é religião externalizada. Deus governa sobre tudo da vida. O reino de Deus não diz respeito apenas ao espiritual ou material; é um reino do espiritual sobre o material. A ressurreição e ascensão física de Cristo ao reino celestial foi os primeiros frutos da restauração de toda a criação (Rm 8.19-22). O jardim cultivado no começo da história (Gn 2.15) torna-se uma cidade deslumbrante no final (Ap 21). O evangelho traz progresso histórico na cultura. Os servos de Deus devem construir uma civilização cristã em conjunção com a preparação de suas almas para o céu.
Quando a vasta maioria das nações tiver sido convertida a Cristo, haverá um grande reavivamento entre os judeus, que trará bênçãos como o mundo jamais viu (Rm 11.12,15). Após um longo e imprevisto período de tempo de obediência a Cristo e de bênçãos, Satanás terá a permissão de enganar as nações uma última vez, por um breve período de tempo (Ap 20.3, 7-10). O povo de Satanás lançará um ataque suicida contra o povo de Deus. Mas antes de poderem fazer qualquer dano, eles serão destruídos por Cristo. Cristo então retorna corporalmente. Os injustos são ressuscitados e enviados para o lago de fogo e enxofre, por toda a eternidade. Os justos são ressuscitados e recebidos nos novos céus e nova terra consumados.
NOTAS:
[21] – R.J. Rushdoony, Thy Kingdom Come: Studies in Daniel and Revelation (Tyler, TX: Thoburn Press, [1970] 1978).
[22] – Greg Bahnsen, “The Prima Facie Acceptability of Postmillennialism”, Journal of Christian Reconstruction, Vol. III, No. 2, (Winter, 1976-77) 68.
[divider]
Fonte: http://www.christianciv.com/eschatology_bs_TOC.htm
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto (10/02/2011).