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Você Está Disposto a Ser Estrategicamente Incomodado? por Erik Raymond

Navegar na ética da vida à luz do reino de Deus é, muitas vezes, difícil. Pode ser como dirigir em uma ciclovia montanhosa com curvas fechadas. Considere, por exemplo, que você é livre em Cristo; esta é uma posição de tremenda liberdade. No entanto, às vezes, o que você tem o direito de fazer não é a melhor coisa a fazer.

Às vezes, pode ser melhor, por causa do Evangelho, ser estrategicamente incomodado.

Uma Pergunta (Capciosa) Sobre Impostos

Um dia, os cobradores de impostos fizeram a Pedro uma pequena pergunta sobre esse assunto. Em Mateus 17:24 lemos: “Não paga o vosso Mestre as duas dracmas?” Ele antecipa a resposta positiva. Em outras palavras, você poderia dizer: “Seu mestre paga o imposto, certo?”

O imposto aqui é o mesmo discutido em Êxodo 30:11-16. Foi imposto a todos os israelitas na época do censo. O dinheiro foi para apoiar o tabernáculo. Este imposto foi colocado com alguma controvérsia. Imagine isso, uma controvérsia sobre impostos. Os historiadores observam que, para alguns, o pagamento da taxa era uma questão de orgulho nacional, enquanto os saduceus se opunham a ela.

Pedro responde com brevidade: “Sim”.

Mas quando chegam em casa, provavelmente na casa de Pedro, outra conversa acontece. E isso é entre Jesus e Pedro sobre o imposto. Acontece que o pagamento do imposto não foi tão curto e seco quanto parece. Não foi apenas sobre ser patriótico. Jesus faz uma pergunta a Pedro no versículo 25. “Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos?  (Mt. 17.25).

E Pedro responde a ele. “Dos estranhos” (Mt 17:26a).

Sabedoria do Reino

Então Jesus fornece uma resposta surpreendente. Ele lhe disse: “Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter.  Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.”(Mt. 17:26b-27).

Jesus navega nesta situação complicada com sabedoria notável. E, ao fazê-lo, nos fornece alguns princípios básicos sobre como viver de maneira vitoriosa como cidadãos do reino em uma terra estrangeira.

Jesus constrói uma metáfora para mostrar seu ponto. Ele pergunta sobre os reis da terra: quem eles taxam? A resposta é bem direta. Os reis tributam seus cidadãos e pessoas que conquistam, não suas famílias. Como resultado, os filhos (do rei) são livres. Eles não precisam pagar impostos.

A quem o imposto é pago? Em última análise, é pago a Deus, já que é sobre o templo e a adoração. Então, o Filho de Deus deveria ser forçado a pagar um imposto? Seguindo a lógica de Jesus aqui, a resposta é “não”. Nenhum rei iria taxar sua própria família. E como Jesus é o Filho de Deus, ele está isento desse requisito.

Mas este não é o fim da resposta. Mesmo que Jesus tenha o direito de se recusar a pagar, ele os separa. Mesmo que ele tenha o terreno lógico e teológico, ele opta por se flexionar para um lugar de submissão a outros. Ele diz, com efeito, “para evitar ofender, pague”.

Eu mencionei que isso era complexo. Pense comigo sobre como isso poderia ter sido problemático. Se ele pagasse o imposto, as pessoas poderiam entendê-lo dizendo que não era o Filho de Deus. Além disso, e se ele tirasse o dinheiro da caixa de dinheiro? As pessoas davam esse dinheiro e talvez seu pagamento fosse mal entendido. Se ele dissesse que não pagaria, então poderia ser visto dizendo de maneira pública que rejeitou o templo – e tudo o que ele representa.

É complicado.

Inconveniências Estratégicas para o Avanço do Reino

Jesus diz que não quer ser uma ofensa ou uma pedra de tropeço para ninguém. Ele está preocupado sobre como as pessoas responderão a ele usando seus direitos. Ele faz algo que satisfaz os cobradores de impostos e não ofende nenhum de seus apoiadores. Diz a Pedro para ir pegar um peixe. E dentro dele haverá um siclo, o que seria suficiente para o pagamento de Pedro e Jesus.

Muita tinta é derramada sobre o peixe. E isso é uma pena, porque o peixe e a moeda não são o ponto. A questão aqui é sobre como o rei responde a uma situação complicada e o que podemos aprender com ele. O que precisamos ver é que Jesus está disposto a deixar de lado seus direitos para não ofender desnecessariamente outra pessoa.

E é aqui que precisamos aprender com Jesus. Ele tem um princípio governante do reino. Ele colocou toda a sua vida nisso. Ele tem liberdade aqui que ele voluntariamente deixa de lado para ajudar na missão.

É aqui que precisamos chegar como cristãos; precisamos desenvolver um reflexo que responda a situações da perspectiva do avanço do evangelho. Embora esteja claro que somos livres em Cristo, há nuances cuidadosas a serem consideradas. Como Paulo escreve: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm” (1 Coríntios. 6:12). Como sabemos o que convém? Precisamos ter uma mente como Cristo que é governada pela expansão do reino.

Isso entra em jogo na igreja primitiva com certas questões relacionadas ao que as pessoas comiam e bebiam. Você pode ler sobre isso em Romanos 14-15, assim como em 1 Coríntios 8-9. Aprendemos que a liberdade nem sempre significa desfrutar de seus direitos, mas às vezes significa renunciar a eles. O cristão está em uma posição de flexibilidade. Você é livre para desfrutar de tudo o que Deus criou e sancionou, mas você não precisa. Quando a sua liberdade interferir na expansão do Evangelho, você deve, sabiamente, deixar de lado sua liberdade por causa do Evangelho.

Isso não é de fato algo que vem naturalmente. Nós tendemos a pensar em nós antes dos outros. Mas quando Jesus nos instrui sobre o que significa ser um cidadão do reino, então aprendemos com aquele que deu a demonstração mais significativa de auto-sacrifício.

Vamos lembrar que foi Jesus que deixou de lado seus direitos e privilégios como Deus para se tornar um homem também. Ele fez isso por causa do reino de Deus. Ele estava disposto a ser incomodado para que Deus fosse glorificado e pessoas como você e eu fossem abençoadas (Filipenses 2:5-11).

Você está disposto a ser estrategicamente incomodado em prol do avanço do reino?

Traduzido por Felipe Barnabé

Fonte: Are You Willing to Be Strategically Inconvenienced?