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Deixei um romance por amor, por Rachel Gilson

É fácil as pessoas interpretarem mal o motivo de para eu ter deixado a vida de relacionamentos românticos e sexuais com outras mulheres. Elas encadernam sua lista de rejeições como se ela fosse um colar – não ao amor anterior, não ao antigos padrões sexuais, não à realização de atrações indesejadas, não a um modo de vida – e para alguns isso parece um tipo de ornamento. Para muitos outros, é um colar que machuca.

Minha vida, no entanto, é sustentada por um ressonante sim, um sim que só é encontrado em Jesus Cristo.  Como um diamante que pesa na sua mão, que te faz desviar o olhar para o brilho do seu arco-íris, conhecer Jesus tem revelado continuamente quão sombrio, superficial, e artificiais são as coisas que eu costumava considerar como tesouros.

Mas Deus me salvou e mostrou que dizer sim a Jesus é muito melhor.

Uma melhor autenticidade

Talvez nada carregue mais peso cultural nos dias de hoje do que o anseio pelo autêntico, especialmente no nosso ‘eu’. Mas como podemos dizer como é o nosso autêntico ‘eu’? A resposta da cultura que nos cerca é olhar dentro de nós, extraindo nossos desejos. Porque como eles brotam dentro de nós, devem ser as chaves para quem somos. Nós temos apenas uma vida. A maior tragédia é desperdiçá-la ao nos forçar ao molde de alguém.

Isso encontra força especialmente no domínio da sexualidade, onde os limites são moldados como repressões que estrangulam o verdadeiro eu. Como eu ainda experiencio, mas não busco atrações do mesmo sexo, o mundo me considera tola, como alguém tentando represar o Mississippi com palitos de madeira. Eles veem um ‘não’ para essas atrações como algo muito débil para segurar seus próprios desejos.

E eles estão certos. Aquele ‘não’ é muito fraco para resistir ao que naturalmente brota dentro de mim. Mas a melhor autenticidade que Jesus Cristo revelou a mim é forte o suficiente para resistir, e superar, porque me afasta disso.

Se soltar as rédeas dos meus desejos fosse a chave para a vida, porque só me trazia felicidade às vezes? Com a mesma frequência, eu colho mediocridade ou dor. Contrário ao que eu acreditava, buscar meus desejos naturais não criou satisfação, nem meus desejos eram totalmente confiáveis simplesmente porque eram, e são, “reais”. Uma picada pode ser muito real, esperneando para ser coçada. Mas para alguns machucados, coçar apenas piora a ferida.  Uma cura diferente precisa ser encontrada.

Uma verdade melhor

Jesus me ensinou a verdade sobre mim: que eu nasci como um porta-retrato quebrado. Criada à imagem de Deus, Eu ainda era capaz de refletir algumas características dEle. Meus desejos estavam frequentemente expressando necessidades reais que Deus construiu em mim; o sexo foi primeiro ideia dEle. Mas eu não era capaz de entendê-los corretamente.

Eu nasci em rebelião, um natimorto espiritual. Minha imagem estava empenada, uma estrutura de casa apodrecida que entraria em colapso sob qualquer vida pregada a ela. Meus desejos precisavam de interpretação, não obediência cega. Mesmo na inocência, eles foram feitos apenas para serem sinais, não mestres. Uma vez caídos, eles requereram escrutínio extra, porque surgiram na minha carne, que é naturalmente hostil a Deus (Romanos 8.7).

Jesus me ensinou que o autêntico ‘eu’ não era essa criação caída. Meu autêntico ‘eu’ é aquele coberto pela Sua justiça, perdoado por sua morte expiatória, lavado pelo Seu Espírito, chamado para Sua família, empunhando a espada de Sua Palavra.  Jesus me tirou da escravidão das minhas vontades e me deu seu poder para entender e redirecioná-las. O temor do Senhor é o começo da sabedoria, e autocontrole é um fruto do Espírito.

Uma liberdade melhor

De fato, eu sou mais que uma vencedora em Cristo. Ele me equipou não meramente para dizer não, mas para crescer em entendimento da bondade do seu desígnio, para começar. Eu não tenho nada a temer ao nomear minhas tentações, porque não há condenação para mim em Cristo e eu tenho o poder do Espírito para escapar delas (1 Coríntios 10.13). Negá-las, reprimi-las, não me dá poder; tende apenas a enganar ou atrasar. Chamá-las pelo nome e submetê-las a Cristo tira delas o poder da escuridão e do segredo. Na luz, elas são expostas em seus trapos.

À luz, posso começar a ver que, na melhor das hipóteses, sexualidade e casamento são eletrizantes porque revelam o desejo poderoso de Deus de estar com Sua noiva e nossa antecipação da unidade com Ele. Quando minhas tentações são fortes, eu posso me lembrar que cada um e todos nós é nascido sexualmente quebrado, mas não quebrados ao ponto de estarmos além do renascimento em Jesus. O dom da sexualidade pode ser recuperado e experienciado como originalmente concebido, seja no celibato ou no casamento com o sexo oposto, enquanto crescemos no conhecimento dEle e sobre nós mesmos.

Os melhores olhos

Isso não se limita à sexualidade. Nossa carne tenta inúmeras táticas para nos enganar, prometendo que se usarmos os dons de Deus do nosso jeito, vamos criar uma vida melhor. É tão antigo quanto o jardim.  Mas dinheiro, poder, família, saúde, descanso – toda coisa boa que Deus sonhou para nós – desmoronam e apodrecem quando tiramos da mão dEle. Um sim à tentação é um sim ao desapontamento, dor e efemeridade. Resistir a isso sem Cristo apenas chuta a lata pela estrada ou nos mergulha em uma armadilha mortal diferente.

Mas um sim para Jesus nos veste de retidão, nos ergue em dignidade e nos abençoa com propósito. Um sim para Jesus nos liberta para descobrir os dons que Ele nos deu, e ainda mais chocante, para descobrir que bem onde estamos fracos, Ele é forte. Um sim para Jesus nos impulsiona para uma vida tão vibrante que percebemos que essa é a autenticidade que nós sempre ansiamos, porque nós estamos conectados com a própria vida, e todas as promessas de Deus para nós são ‘sim’ em Cristo (2 Coríntios 1.20).

Amigos, esse é um belo sim, um sim que exclui todas as coisas menores. Não é um sim para se lamentar, mas para se desejar.

Fonte: https://www.desiringgod.org/articles/i-left-same-sex-romance-for-love

Tradução por Alessandra Postali.

Foto: Benjamin Combs


Rachel Gilson é diretora de desenvolvimento teológico na Cru Northeast. Ela é bacharel em História pelo Yale College e está concluindo seu mestrado no Seminário Teológico Gordon-Conwell. Ela escreve em seu site.

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