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Epistemologia do NT

Conhecer e temer a Deus são o cerne da sabedoria e da verdadeira vida, de acordo com o Antigo Testamento (Pv. 1:7). No Novo Testamento, a revelação de Deus chega ao foco e clímax em Jesus Cristo (Hb. 1:1-3). A revelação do Antigo Testamento, embora genuína, é apenas uma sombra e preparação para o seu clímax. Assim, o Novo Testamento pode fazer a afirmação impressionante que o verdadeiro conhecimento de Deus é encontrado somente por meio de Cristo (Mt. 11:25-27; João 14:6, 9-11; 8:19; 1Co. 1:30; Cl. 2:3).

Todos os seres humanos inescapavelmente conhecem a Deus de certa forma, através da sua revelação nas coisas que ele criou (Atos 14:15-17; 17:24-29; Rm. 1:18-23). Mas “pela sua injustiça [eles] suprimem a verdade” (Rm. 1:18). O ser humano perverte o conhecimento de Deus em idolatria (Rm. 1:21-23). Eles estão em trevas (João 3:19-20). Eles se entregaram ao reino das trevas e a Satanás (Cl. 1:13), e Satanás os mantém cativos (cf. 2Tm. 2:26; 1 João 5:19). Satanás “cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2Co. 4:4). O homem, em seu estado caído, tem problemas extremos e insuperáveis em seu conhecimento. Além disso, seus problemas não são o resultado da mera inocência, como se o homem simplesmente não tivesse sido exposto à verdade. Antes, o ser humano já conhece a verdade sobre Deus – seu eterno poder e natureza divina (Rm. 1:20) – e simultaneamente rejeita ou suprime tal conhecimento. O homem odeia a Deus e fará tudo para não se sujeitar a ele (Sl. 2:1-3). Ele está em trevas pecaminosas e culpadas no conhecimento.

Os gentios andam “na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Ef. 4:17-18). Com respeito às coisas espirituais e ao conhecimento espiritual, com respeito a Deus, eles estão mortos:

E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. (Ef. 2:1-3)

Que esperança existe, então? Deus deve vir e agir em graça, com poder ressuscitador:

Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos  ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus. (Ef. 2:4-6)

À parte dessa ação em dar nova vida e renovar a mente, mesmo quando a Luz chega, ela é rejeitada: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (João 3:19).

Em suma, os poderes epistemológicos do homem estão pecaminosamente corrompidos e podem ser remediados somente através da redenção de Deus em Cristo. O evangelho contido na Escritura é a chave epistemológica para tudo da existência humana. A renovação redentora no coração e mente do homem oferece a única base para ver o mundo como um todo, como ele realmente é – um mundo criado por Deus de tal forma que revela sua glória e os seus atributos (Rm. 1:20).

Traduzido por Felipe Sabino

Fonte: Extraído e traduzido do artigo New Testament Worldview, de Vern Sheridan Poythress, disponível em http://www.frame-poythress.org

Veja a discussão desse assunto em John M. Frame, The Doctrine of the Knowledge of God (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1987).