P. 1. O que “Gênesis” significa?
R. Livro dos “começos”
P. 2. O que começou em Gênesis?
R. O começo da criação; o começo do mundo; o começo do homem e da mulher; o começo do pecado; o começo da redenção
P. 3. Que outro livro da Bíblia começa de forma parecida com Gênesis?
R. O evangelho de João: “No princípio era o Verbo” (Jo 1.1)
P. 4. Por que João começa o seu evangelho dessa forma?
R. Porque a encarnação do Verbo é o começo de uma “nova criação”.
P. 5. Quem se revela como Criador em Gn 1.1?
R. Aquele que é Alfa e Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim (Ap 22.13ss).
P. 6. Como ele se revela?
R. Ao fazer todas as coisas muito boas (Gn 1.31), isto é, como um reflexo da sua glória.
P. 7. Quem foi colocado no jardim protológico de Deus?
R. O primeiro homem (protológico).
P. 8. Qual relacionamento Adão tinha com Deus em virtude da criação?
R. Ele se relacionava como a própria imagem de Deus.
P. 9. Você está sugerindo algo pessoal e íntimo entre Deus e Adão mediante a criação?
R. Sim, Adão se relacionava a seu Criador como um “filho” (Lucas 3.38), o portador da imagem do seu Pai nos céus.
P. 10. Então o aspecto relacional dependia de algo anterior a ele, o criacional?
R. Sim; antes de Deus se relacionar pessoalmente com a sua imagem (Adão), ele gerou o seu ser num ato de criação.
P. 11. Há um paradigma antecedente para a relação Adão-Deus pela criação?
R. Sim. Há o paradigma da relação Adão-Cristo.
P. 12. Explique.
R. Cristo é chamado de segundo Adão, mas ele é anterior ao primeiro Adão.
P. 13. Como Cristo Jesus pode ser anterior ao Adão protológico?
R. Como Filho ontológico de Deus.
P. 14. O que ontológico significa?
R. Refere-se ao “ser”. O Filho de Deus é o Ser de Deus, um dos três Seres pessoais (sem separação) na Divindade.
P. 15. Diga isso de outra forma.
R. O Filho de Deus é vero Deus como Deus o Pai e Deus o Espírito Santo é vero Deus também.
P. 16. Como o Filho de Deus se relaciona ao seu Pai?
R. Por meio de uma não criação, isto é, uma geração de um Filho pelo Pai como um Deus-Filho por um Deus-Pai, uma eterna relação Pai-Filho; um eterna geração Filho-Pai.
P. 17. Há alguma prioridade nessa relação e geração?
R. Sim.
P. 18. Como se expressa uma prioridade numa relação eterna por meio de uma geração eterna?
R. Tanto a relação quanto a geração são eternas assim como tanto Pai quanto Filho são eternos.
P. 19. Ainda assim, o Pai é o primeiro na ordem?
R. Sim, assim como o Filho é o segundo na ordem.
P. 20. Mas isso não implica uma prioridade temporal ou no Pai ou no Filho?
R. Não. Não há temporalidade em Seres incriados, isto é, em Deus em sua essência tripessoal.
P. 21 Então nunca houve um tempo em que o Pai não era o Pai Eterno e o Filho não era Filho eterno?
R. Não. O Pai incriado eternamente gera o Filho incriado: relação ontológica, geração ontológica, não criação ontológica.
P. 22. O eterno Filho de Deus é a imagem de Deus, seu Pai celestial?
R. Sim; ele é a própria imagem da essência do seu Pai, a própria imagem eterna do seu próprio Pai eterno na própria essência eterna da Divindade (Hb 1.3; Cl 1.20; Fp 2.6; Jo 1.1).
P. 23 Logo, essa real incriada da Divindade essencial distinguida pessoalmente (mas não separada) como Pai e Filho, gerador e gerado, imprime eternamente a imagem da Divindade-Pai-Ser no Divindade-Filho-Ser. E assim há um precedente-antecedente no relacionamento ontlógico entre Deus o Pai e Deus o Filho para o relacionamento/paradigma histórico redentivo entre o Pai-Criador celestial e o filho-criatura terreno.
P. 24 O que isso implica sobre a imagem do seu Pai celestial no filho adâmico?
R. Por meio de um portador da imagem criada, o Adão protológico (filho) espelha o Adão escatológico (Filho), o portador da imagem incriada.
P. 25. Em que condição estava o Adão protológico?
R. Ele estava num estado probatório de retidão mutável.
P. 26. O que você quer dizer por estado probatório?
R. Ele estava sendo testado com respeito à obediência à vontade do seu Criador.
P. 27. Um estado probatório sugere um estado que não é completo, nem perfeito?
R. Sim.
P. 28. Que estado estava além do homem protológico?
R. O estado escatológico foi posto diante dele.
P. 29. Como ele poderia ter alcançado esse estado escatológico?
R. Pelo mérito das suas obras, isto é, ao obedecer o mandamento de Deus, ele poderia ter ganhado a recompensa escatológica.
P. 30. Deus era obrigado a entrar nesse arranjo probatório com Adão?
R. Não. Deus nada devia à criatura, mesmo sendo sua criatura perfeita, Adão (Lc 17.10).
P. 31. Então do que chamamos este ato da parte do Deus transcendente em que ele se relaciona imanentemente com a sua criatura?
R. É um ato divino de voluntário ou não-obrigatória humilhação ou de descer em relação à criatura. Esse ato é frequentemente chamado de “condescendência voluntária”.
P. 32. E nesta condescendência voluntária, Deus se vinculou por meio de um relacionamento pessoal (ou pacto) a recompensar a obediência de Adão?
R. Sim; Deus seria fiel: se Adão tivesse “feito isso” (obediência), ele teria “vivido” (eternamente).
P. 33. Do que chamamos esse relacionamento pactual?
R. O pacto de obras.
P. 34. Será que o primeiro e protológico Adão guardou o pacto de obras?
R. Não; ele desobedeceu o seu Criador ao comer o fruto proibido (Gn 3.6).
P. 35. O segundo e escatológico Adão recapitulou o pacto de obras?
R. Sim; Cristo Jesus, nosso Salvador, obedeceu à lei de Deus em todos os pontos.
P. 36. O segundo e escatológico Adão recapitulou a provação do primeiro homem?
R. Sim; Cristo suportou a tentação da serpente-Satanás no deserto e triunfou onde Adão fracassara (veja especialmente Marcos 1.12-13 onde a imagem das bestas “pacificadas” retoma o domínio de Adão sobre o mundo animal dando o nome próprio de cada criatura, Gn 2.19).
P. 37. O que foi que o Adão escatológico alcançou pela sua obediência?
R. Cristo mereceu/ganhou o direito à árvore da vida no centro do Paraíso de Deus.
P. 38. O segundo Adão meramente mereceu esse direito para nos restaurar ao jardim do Éden do primeiro Adão?
R. Não; o Adão escatológico mereceu o direito à esfera celestial/escatológica pelo seu mérito.
P. 39. Cristo mereceu o direito à glória-céus para si somente?
R. Não, assim como o Adão protológico mereceu o direito à danação para si e para todos a que representava, da mesma forma o Adão escatológico mereceu o direito à salvação para si e para todos a que representava (Rm 5.12-21; 1Co 15.22).
P. 40. Quem o Adão protológico representa?
R. Toda a raça humana, aqueles que estão “nele” (en Adam, grego de 1Co 15.22).
P. 41. Quem o Adão escatológico representava?
R. Toda a raça humana eleita, aqueles que estão “nele” (en Christo, grego de 1Co 15.22).
P. 42. Em outras palavras, os Adãos protológico e escatológico são figuras representativas, todos os representados por eles estão inclusos “neles”?
R. Sim, o princípio pactual ou representativo está enraizado na inclusão do “em”. O primeiro é universal; o segundo é particular. Mas ambos são prescritos federativa ou pactualmente.
P. 43. Onde está o primeiro registro dessa distinção e dessa revelação redentiva?
R. Está no chamado protoevangelium/protoevangelion (“primeiro evangelho”) de Gn 3.15
P. 44. Por que você chama essa revelação de “redentiva”?
R. Porque esta é a promessa protológica de graça e salvação a pecadores caídos.
P. 45. Contudo, essa não foi a primeira revelação escatológica, foi?
R. Não.
P. 46. Se, então, a esfera escatológica estava exposta como destino de Adão antes da queda, o que precisamente é singular sobre Gn 3.15 e a escatologia?
R. Gn 3.15 revela a iniciativa divina de levar homens pecadores à esfera escatológica por meio de um substituto, um Salvador.
P. 47. Assim, Gn 3.15 é o anúncio de um novo pacto!
R. Sim, o escatológico deve agora ser obtido pela graciosa provisão de um Salvador.
P. 48. Do que chamamos esse novo pacto escatológico?
R. O pacto da graça.
P. 49 O que é graça?
R. Um favor (generosidade, dádiva, cf. Ef 2.8) livre (soberano, isto é, da iniciativa de Deus), imerecido (pecadores não o merecem; o Salvador sem pecado o merece por eles) de Deus (ele não tem a sua fonte na criatura, somente no Criador-Redentor).
P. 50. Como Adão e Eva entenderam o anúncio protológico do pacto da graça?
R. Eles ouviram Deus declarar que um homem (alguém nascido da semente da mulher) desfaria o que Adão acabara de fazer, isto é, ele destruiria as obras da Serpente ao dar um golpe capital ou fatal na sua cabeça, enquanto, ao fazê-lo, sofreria um golpe menor no seu calcanhar.
P. 51. Como essa promessa escatológica foi uma graça de reversão da reversão?
R. Na queda, Adão, antigamente amigo de Deus e inimigo de Satanás, tinha se tornado o inimigo de Deus (note bem, ele se escondeu dele, Gn 3.8) e amigo de Satanás (isto é, Adão, como Satanás, logo se torna um mentiroso, Gn 3.11-12). A reversão do pecado precisa ser ela própria revertida ao se estabelecer “inimizade” entre os amigos: o homem e Satanás. A implicação é que aqueles que são inimigos depois da queda — isto é, Deus e o homem (pecaminoso — se tornarão amigos (inimizade revertida) por meio do esmagamento da cabeça da Serpente e o ferimento do calcanhar do “descendente”.
P. 52. Quem cumpre esse pacto escatológico?
R. O Adão escatológico, o nosso Senhor Jesus Cristo (1Co 15.45, 47).
P. 53. Quem é o “descendente” escatológico da mulher?
R. O nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Lc 3.23-38)
P. 54. Qual é o significado de Deus vestir Adão e Eva com peles?
R. A nudez pecaminosa não podia ser coberta com as obras das mãos do homem (folhas). Somente uma cobertura providenciada pela mão de Deus era suficiente para vestir a injustiça do homem aos olhos de Deus.
P. 55. Qual é o significado escatológico da cobertura por peles?
R. O que Deus providencia para esconder a culpa, vergonha e injustiça do pecador capacita o pecador a receber a aceitação do Senhor, isto é, ser recebido na sua presença-de-glória.
P. 56. E a imagem de Deus no paradigma redentivo?
R. Desfigurada pela queda, a renovação reversa da imagem de Deus no homem pecaminoso é realizada cristologicamente. Deus o Filho (a verdadeira imago Dei) assume a imagem do homem a fim de restaurar a imagem pura de Deus a pecadores caídos em união com ele (Ef 4.24).
P. 57. Por que Deus colocou uma espada flamejante e querubins na entrada do jardim?
R. Para guardar a sua presença-no-jardim, assim como os querubins guardam o seu trono-de-glória celestial.
P. 58. O homem foi banido do jardim para sempre?
R. Somente um Homem com uma “vida sem fim” poderia passar pela chama do fogo e pela espada da morte; somente ele poderia abrir o caminho à árvore da vida novamente.
P. 59. Por que Deus expulsou Adão e Eva do jardim?
R. (a) Para indicar que pecadores não poderiam se aproximar da árvore da vida sem um substituto. (b) Para preservá-los da maldição escatológica perene de serem fixados para sempre num estado de condenação e danação (Gn 3.22-23). A região “a leste do Éden” é um caminho de peregrinação.
P. 60. Por que Adão e sua esposa eram forasteiros?
R. Eles foram separados do Paraíso de Deus enquanto viajam numa região estéril sujeita à maldição sob a qual toda a criação geme.
P. 61. O que é revelado na história de Caim e Abel?
R. Desde o início da história humana fora do Jardim, há duas descendências, duas linhagens, duas raças: a descendência da mulher e a descendência da Serpente. Caim é uma cobra no matagal; Abel “morto, ainda fala”.
P. 62. Qual é o significado do cordeiro de Abel?
R. Este cordeiro “protológico” é uma antecipação do Cordeiro escatológico. Por trás do cordeiro oferecido por Abel, está o Cordeiro morto desde antes da fundação do mundo.
P. 63. Por que o sacrifício de Abel era “mais excelente” ou “melhor” do que o de Caim?
R. Porque ele foi um sacrifício que tinha de ser morto (Abel confessava que ele merecia isso em troca dos seus pecados), um sacrifício de sangue (para cobrir ou expiar a sua culpa e vergonha), um sacrifício que precisava ser consumido inteiramente (Abel orava para que o seu pecado e punição fossem totalmente consumidos pela graça de Deus). Abel acreditava nisso tudo. Pela “fé” (Hb 11.4), ele possuía o fim desde o começo uma vez que o (novo) começo na sua oferta antecipava o seu fim (a certeza das coisas que se espera, a evidência das coisas que não se veem, isto é, o céu).
P. 64. Como a divisão entre duas raças ou duas descendências se evidencia nos descendentes de Caim?
R. Eles têm uma mentalidade que busca fortificações, construir cidades para a sua segurança, demonstrando nas suas obras que eles pertencem ao que é horizontal somente, isto é, a este mundo.
P. 65. Como essa divisão se evidencia nos descendentes de Sete que substituíram a Abel?
R. Eles foram conhecidos por invocar o nome do Senhor (a dimensão vertical), isto é, eles mostram que eles pertencem ao mundo por vir (Gn 4.26).
P. 66. Como essa divisão se evidencia no sétimo depois de Adão em cada linhagem (isto é, na linhagem de Caim e na de Sete)?
R. O sétimo depois de Adão via Caim é Lameque (Gn 4.19-24), cuja ousada asseveração contra Deus e sua justiça exibe o espírito reprovado daqueles abandonados a suas concupiscências e brutas paixões. O sétimo depois de Adão via Sete é Enoque (Gn 5.21-24) que anda com Deus e é trasladado à presença-de-glória do seu Senhor sem provar a morte.
P. 67. Como Enoque pôde andar com Deus?
R. Porque Deus andou primeiro com ele. Enoque experimentou Deus com ele, isto é, Emanuel.
P. 68. Qual é o significado do dilúvio (Gn 6—8)?
R. É uma descriação inicial, uma reversão cósmica da ordem criada por meio do juízo. A perversidade humana leva ao juízo escatológico: o dilúvio de morte e destruição. A terra volta a ser um vão sem forma e vazio de vida, exceto pelo que foi preservado na arca.
P. 69. Qual é o significado da arca (Gn 6.14-22)?
R. A arca é o instrumento da libertação de Deus para aqueles que receberam a sua graça. Noé e a sua família são suspensos acima das águas da destruição, vindicados como justos por meio da graça divina somente, salvos pela preservação (1Pe 3.20; Hb 11.7).
P. 70. Qual é o significado escatológico do dilúvio?
R. Ele antecipa o temido juízo do dilúvio de fogo que cobrirá a terra no último dia. O aviso do dilúvio de águas é um anúncio intrusivo e uma antecipação do mais temível dilúvio de fogo (2Pe 3.5-7).
P. 71. Há alguma justiça em Noé que lhe dá o direito à recompensa da arca por conta de suas boas obras?
R. Absolutamente não. Qualquer indício de boas obras em Noé como fundamento meritório para a recompensa diminui a suficiência da graça de Deus e exalta a insuficiência humana de uma forma inapropriada e antibíblica. Noé, como todos os pecados, é sujeito à declaração do próprio Deus em Jó, como endossado pelo apóstolo Paulo: “quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?” (Rm 11.35 citando Jó 41.11). A resposta óbvia a essa pergunta é: pecador nenhum!
P. 72. O plano de Deus centraliza seu foco em Abrão/Abraão em Gênesis 11—12ss. Qual é o significado desse padrão de focalização?
R. O foco cósmico do desígnio de Deus a nível protológico foi estreitado conspicuamente a um único indivíduo em Gn 12. Somente Abrão foi “chamado eficazmente” de Ur dos caldeus. Da massa da humanidade caída, a iniciativa soberana, eletiva e escatológica de Deus desassocia Abrão das multidões restes a perecer. E Deus faz isso a fim de restaurar o foco cósmico presente no início.
P. 73. O que você quer dizer com Deus restaurando o “foco cósmico” presente no início?
R. Abrão, um único indivíduo, é escolhido para ser pai de uma multidão de crentes no futuro escatológico. A escatologia recapitula a protologia: o desígnio cósmico da humanidade se expressa escatologicamente na “família” eleita; “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3; 18.18; 22.18).
P. 74. Então a promessa de um Adão escatológico se torna agora um Abraão escatológico?
R. Sim, a linha da eleição flui pela descendência da mulher: Adão → Sete → Enoque → Noé → Abraão.
P. 75. Logo, temos um novo começo para a humanidade no chamado de Abrão?
R. Sim, há novamente um motivo de nova criação (note bem que o “novo” que Deus faz sempre é algo escatológico; algo da graça divina e eterna penetra no tempo e no espaço. A linha vertical da escatologia intersecciona com a linha horizontal da história: o eixo Y [escatologia] interage com o eixo X [história]. Essa ênfase é tipicamente vosiana, como uma leitura do seu discurso inaugural deixa isso claro: “… a revelação se conecta organicamente com a introdução de uma nova ordem de coisas neste mundo pecaminoso. A revelação é a luz desse novo mundo que Deus chamou à existência. A luz precisa da realidade e a realidade precisa da luz para produzir a visão da bela criação da sua graça”, Geerhardus Vos, Redemptive History and Biblical Interpretation [1980], p. 9–10.)
P. 76. O pacto abraâmico é o mesmo daquela pacto inicial de Deus com o homem?
R. Não, pois há a diferença entre o pacto de obras com Adão (no jardim) e o pacto da graça com o Segundo Adão (no paraíso, refletido no Éden) na queda.
P. 77. O que tem, então, de especial no pacto de Deus com Abraão?
R. Ele é o pacto fundamental para os hebreus enquanto nação.
P. 78. Esse pacto foi feito para se restrito a quem é hebreu etnicamente?
R. Não, a promessa do pacto abraâmico é universal, incluindo crentes de todas as nações.
P. 79. Como que todos os crentes são “hebreus”?
R. Eles são peregrinos da mesma forma que Abraão (Hb 11.13-16).
P. 80. Quantos elementos havia no pacto abraâmico?
R. Três: Emanuel (“serei contigo”); Herança (“te darei esta terra”); Messias (“em ti, serão benditas todas as nações”).
P. 81. Quem é o Emanuel escatológico?
R. Jesus Cristo (Mt 1.23).
P. 82. Quem é o herdeiro escatológico?
R. Jesus Cristo (Hb 1.2).
P. 83. Qual é a herança escatológica?
R. O céu (Hb 11.16)
P. 84. Você está dizendo que Canaã/Palestina não era a herança proposta?
R. Era uma herança provisória para os hebreus, mas não podia ser a herança eterna do povo de Deus.
P. 85. Por que não?
R. Porque ela passa. Ela não participa do eterno ou permanente (cf. Hb 12.27).
P. 86. Quem é o Messias escatológico?
R. Jesus Cristo (Mt 16.16).
P. 87. O que Deus está revelando no pacto com Abraão?
R. Ele está particularizando e expandindo as dimensões do seu pacto salvífico e gracioso. A descendência escatológica da mulher agora é particularizada nos hebreus, embora direcionado às nações/gentios, assegurando-lhes uma terra da promessa, uma herança por meio do maior Filho do grande Abraão.
P. 88. Qual é a crise suprema da vida de Abraão que sujeita esse juramento a riscos?
R. O mandamento de sacrificar Isaque no monte Moriá (Gn 22).
P. 89. Qual foi a intenção de Deus ao mandar Abraão oferecer a Isaque como sacrifício?
R. Provar ou testar a fé de Abraão nas promessas do pacto.
P. 90. Qual foi a resposta de Abraão ao desígnio de Deus?
R. Confiar e obedecer.
P. 91. Como Abraão pôde fazer o que Deus ordenou?
R. Por causa do caráter escatológico da sua fé.
P. 92. O que você quer dizer com “caráter escatológico da sua fé”?
R. A fé de Abraão lhe deu união com o Deus que é capaz de fazer todas as coisas, até ressuscitar os mortos (cf. Rm 4.17; Gn 17.15-17; 19; Hb 11.11-12).
P. 93. Qual transição da morte para a vida tinha sido o objeto da fé de Abraão antes do mandamento de ir para Moriá?
R. A vivificação do ventre morto de Sara.
P. 94. Então Isaque foi, na concepção, um sinal de vida ressurrecta?
R. Sim, daquilo que estava morto e foi, pelo poder de Deus, trazido à vida.
P. 95. No que Abraão crê à medida que ele viaja para Moriá?
R. Que o seu Deus é fiel; tendo prometido que Isaque é o filho da promessa (pactua), isto é, que por meio de Isaque, a descendência de Abraão seria mais numerosa do que a areia; herdaria a terra prometida; seria um ancestral do abençoador-de-judeus-e-de-gentios, se ele matá-lo, Deus o ressuscitaria. Pois Deus não pode negar a sua promessa (cf. Hb 11.17-19). Note bem: o quiasmo de ir e voltar em 22.5 com o voltar e ir de 22.19: um padrão de reversão e simetria que demonstra a confiança de Abraão na fiel promessa de Deus.
P. 96. Então Abraão colocou Isaque sobre a madeira acreditando que Deus era capaz de ressuscitá-lo dentre os mortos?
R. Sim; o fim escatológico do seu único filho é vida, não morte.
P. 97. Isso não é uma intrusão da vida do Filho unigênito de Deus na história de Abraão?
R. Sim; nós vemos o fim (da história da redenção) desde o começo (a história de Isaque). O próprio Deus iria oferecer o seu Filho com plena certeza de que ele passaria da morte para a vida. O substituto no Moriá escatológico (Monte Calvário) seria ressuscitado à vida para que, nele, os filhos de Abraão (= crentes, Gl 3.7) seriam ajuntados das nações judia e gentílicas; seriam feitos herdeiros do Reino da luz; seriam abençoados no seu verdadeiro Messias.
P. 98. Como o resto de Gênesis revela esse padrão?
R. Os filhos do pacto, Isaque, Jacó e José, carregam as promessas de vida escatológica. Jacó é salvo da morte (Esaú) e é transformado por um encontro com Deus (Peniel). A mudança do seu nome (Jacó = “enganador”; Israel = “príncipe com Deus”) indica uma transição da morte para a vida (uma regeneração). José é entregue para ser morto, mas Deus o salva e o torna instrumento de vida para o seu povo (descida ao Egito).
P. 99. Como a conclusão de Gênesis revela esse padrão?
R. Jacó e José ambos atestam o aspecto escatológico da fé. Eles dão instruções para serem enterrados na terra da promessa. Pela fé, eles possuem a terra que pertence a Deus e a seus pais.
P. 100. Como o livro de Gênesis termina?
R. Com Israel no Egito.
Fonte: Kerux 28.3
Traduzido por Guilherme Cordeiro.