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Será que o nascimento virginal realmente importa? por Brandon Crowe

Se o nascimento virginal só é encontrado explicitamente em duas passagens (Mateus 1.18–3.12; Lucas 1.26-38), será que ele realmente pode ser tão importante?

Absolutamente! Se não soubéssemos do nascimento virginal de Jesus, o nosso conhecimento da pessoa e obra de Jesus seria grandemente empobrecido.

Considere as seguintes implicações:

O nascimento virginal nos mostra que a salvação é uma dádiva exclusiva de Deus. Embora Israel estivesse ardentemente esperando o seu Messias, e muitos presumissem libertar Israel, na verdade foi necessário que o Espírito de Deus agisse no ventre da virgem Maria para trazer o verdadeiro Redentor do seu povo ao mundo. Todos os esforços humanos relativos à libertação duradoura fracassaram. Por outro lado, o nascimento virginal nos mostra que era necessário para Deus enviar o seu Filho como Redentor. Isso foi o plano de Deus e no tempo determinado por Deus.

Adicionalmente, o nascimento virginal nos aponta para a filiação divina, eterna de Jesus. Jesus já tinha a identidade de Filho baseado em seu relacionamento com seu Pai antes mesmo dele ter nascido em carne humana. O nascimento virginal nos mostra que seria inconsistente dizer que Jesus é o Filho de Deus, mas também o filho físico de José. Por outro lado, vemos que a filiação de Jesus é um indicador muito importante de quem ele é, mesmo antes da incarnação (cf. Lucas 1.35; João 3.16-17; 6.37-40; 10.36; Gl 4.4; Hb 1.1-4).

O nascimento virginal também revela a nós como Jesus poderia realmente ser diferente de um de nós sem a corrupção herdada de pecado, que pode ser traçada até Adão (Rm 5.12-21). Se a morte se espraiou para todos os homens por meio da desobediência de Adão, como poderia qualquer redentor humano, ele mesmo sujeito à maldição do pecado, plenamente nos livrar desse pecado? Parte da magnífica resposta está no grande mistério do nascimento virginal. A ausência de paternidade terrena em Jesus indica que ele não estava envolvido na desobediência de Adão, mas que ele próprio era o cabeça de uma humanidade e nova aliança.

O nascimento virginal nos mostra que era necessário para Deus nos enviar seu Filho como Redentor.

Assim, seria errado pensar no nascimento virginal como parte da natureza “superhumana” de Jesus. Por outro lado, o nascimento virginal é o meio pelo qual Jesus poderia nascer de uma mulher real, e realmente participar em carne e sangue por nós e por nossa salvação! Ele foi feito em tudo semelhante a nós, exceto no pecado (Hb 2.14-18; 4.15). De fato, parte de se tornar como nós em todos os aspectos parece ter sido o seu santificar de todo estágio da vida para nós ao superar cada tentação. Já que por um homem veio a morte, foi necessário que a ressurreição dentre os mortos também viesse por meio de um homem (1Co 15.21). Jesus é aquele homem que superou a desobediência de Adão. Tudo isso é possível por causa do nascimento virginal verdadeiro e físico de Jesus.

Finalmente, nós devemos notar como o nascimento virginal se relaciona com o mistério da natureza divina e humana de Cristo unidas em uma só pessoa. O nascimento virginal revela como o eterno Filho de Deus poderia se tornar um homem real sem sacrificar qualquer parte da santidade de sua divindade: por meio de sua concepção sobrenatural no ventre de uma jovem ordinária.

O nascimento virginal é uma parte essencial da estória do Natal, mas a realidade do que foi feito por meio do nascimento virginal não deve ser relegado a umas poucas semanas em dezembro. Como o hino “Eis dos anjos a harmonia” prossegue:

    Cristo, eternamente honrado,
Do seu trono se ausentou!
E entre os homens, encarnado,
Deus conosco se mostrou.
Quão bondosa Divindade!
Quão gloriosa Humanidade!
Salve Cristo, Emanuel,
Luz do mundo, Deus fiel [versão do Hinário Novo Cântico, hino 240]

O nascimento virginal de fato é uma mensagem para hoje, pois hoje é o dia da salvação.

 

Indicação de leitura para o natal: O nascimento do Rei

Trecho adaptado de Brandon D. Crowe, Was Jesus Really Born of a Virgin? (Phillipsburg, NJ: P&R, 2013), p. 26–28.

Fonte: https://faculty.wts.edu/posts/does-the-virgin-birth-really-matter/

Tradução: Guilherme Cordeiro