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Um dia de “pequenas coisas”

Prepare-se para servir aos feridos de uma feiura cultural iminente.

Um inteligente artigo na internet observou que cristãos crentes na Bíblia não alcançaram muito napolítica porque eles não se dedicaram à área mais ampla do conflito cultural. A política em sua maior parte flui da cultura, ao invés de ser levada por ela. A ideia cultural de que as mulheres tem um suposto direito à liberdade “sexual” precedeu à derrubada das restrições ao aborto. Uma vitória temporária na urna eleitoral não reverte uma tendência moral descendente dirigida por porteiros culturais na mídia jornalística, no entretenimento, na arte e na educação. A política não é milagrosa.

Então, devemos treinar cristãos para tomarem posições de poder na educação e na mídia? Tal treinamento é uma coisa boa e devemos esticar as nossas imaginações acerca do que Deus pode fazer por meio de nós: “ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Efésios 3.20). Cristãos fiéis já possuem cargos aqui e ali nas universidades e no jornalismo. Uma série de cristãos está fazendo um ótimo trabalho nos filmes e
devem ser elogiados por isso.

Mas eu temo que podemos ainda assim cair na armadilha de idolatrar o poder. O poder da fé cristã é o poder da cruz, poder na fraqueza humana, o poder do amor de Deus. A fé cristã não se espalhou no Império Romano posicionando cristãos estrategicamente no Senado Romano e na aristocracia, mas por pessoas ouvirem as boas novas de Deus — a “loucura” do evangelho (1Coríntios 1.18-31). O cristianismo se espalhou por orfanatos, por cuidado dos doentes e por retribuir o mal com o bem.

A fé da Bíblia é desprezada pelo New York Times. E a maioria dos professores universitários pensa que os cristãos que creem na Bíblia são um perigo para o futuro da América. Que seja. Que nos contentemos com nossos esforços de sermos maridos e esposas e pais e empregados e estudantes e cidadãos fiéis onde estamos. Se posteriormente aprouver a Deus nos exaltar a uma posição de poder e responsabilidade, podemos efetivamente usar as habilidades piedosas que
desenvolvemos.

Mas, para muitos de nós, eu suspeito que este é um “dia de pequenas coisas”. O nosso ambiente está num declínio espiritual. A não ser que Deus traga um arrependimento e tornar ao Senhor generalizados, podemos ver mais sofrimento, mais feiura cultural, mais hostilidade a princípios cristãos, não menos. Isso não pode nos roubar da alegria de servir ao Senhor agora, onde Ele tiver nos colocado, e de ter uma confiança firma na benção e misericórdia que Deus nos dará mesmo em meio a desastre cultural. “A alegria do SENHOR é a vossa força” (Neemias 8.10).

Se desastres culturais vierem, o sofrimento virá concomitantemente. Devemos estar prontos para levar as boas novas de Deus para aqueles que sofrem de trauma emocional à medida que veem seus ídolos de outrora se desintegrando nesses desastres. “E procuras tu grandezas? Não as procures; porque eis que trarei mal sobre toda carne, diz o Senhor; a ti, porém, eu te darei a tua vida como despojo, em todo lugar para onde fores” (Jeremias 45.5)

Vern Poythress é professor de Interpretação do Novo Testamento no Westminster Theological Seminary na Filadélfia, Pensilvânia